domingo, novembro 30, 2008

Troyart, um novo jeito de se fazer toy art

O Toy Art ainda engatinha quando paramos pra pensar em tipos de materiais utilizados, normalmente a gente encontra o plush, de pano, e os toys feitos em vinil. Beleza, afinal, no caso do vinil, é um material do caralho pra se trabalhar, apesar de caro. Dois brasileiros quebraram esse tabu que vinha assolando o mundo do toy art tupiniquim com o projeto Troyart, uma linha de bonecos desenvolvida em acrílico. Pois é, não dava pra imaginar que o frágil material que em áureos tempos de escola servia apenas para guerrinhas, poderia ser utilizado em uma linha de toys com uma pegada retro-futurista do caralho.

Explicando melhor, os caras produzem robôs, naves espaciais e outros seres bizarros, um estilo inspirado em filmes e brinquedos antigos de ficcção científica que aliados com o acrílico passam uma identidade única à coleção. Em agosto, chegaram a ser produzidos até robôs gigantes de 1,90cm de altura, totalmente montáveis. O acrílico, com sua transparência natural e os cortes exatos, dão uma aura ainda mais espacial e geométrica nos toys.

Por fim, não podemos esquecer os autores desse criativo projeto, o fotógrafo e artista plástico Roberto Stelzer e o designer de produtos Nelson Schiesari. Os caras mandaram muito bem, e é torcer pra que o projeto continue, e mostre que há outros caminhos para se fazer toy art no Brasil.

Visite o site clicando aqui e confira mais modelos, vale a pena!

quinta-feira, novembro 27, 2008

#18 Prólogo


Poster Via Flickr da Action

terça-feira, novembro 25, 2008

Swing: Rumo à sacanagem - Final

Esse foi um trabalho feito pra um TCC sobre Jornalismo Gonzo. Para quem não conhece, é basicamente o Novo Jornalismo, quebrando o resto das regras que faltavam, e regido sob o espírito de Hunter Thompson.

Avisamos que o post tem conteúdo adulto e sexual, podendo ofender algumas pessoas. Por via das dúvidas, não leia.

Swing: Rumo à sacanagem - Final
R. Costa


Gordos sozinhos perambulavam pelo labirinto e arredores, procurando ver algo de bom, ou até por algum fenômeno serem chamados pra algo. A cena da loira chupeteira agora era comum e freqüente. Gritos, gemidos e palavras inaudíveis faziam a trilha sonora do filme, que no momento mais merecia um baixo pesado de um funk americano dos anos 70. Péwewéu tum tumptum déw wéw. Agora a trilha era mais dificultosa com a presença de mais transeuntes, a maioria com um olhar envergonhado, pedindo licença para passar, com o risco de ter a bunda estralada. Ossos do oficio. É de se imaginar que um lugar assim todos fossem parecer mais abertos, não sei, como no filme francês Irreversível, de Gaspar Noe, com vários andares de putaria louca, seguindo por um calabouço vertical dos pecados, e não só uns velhos gordos pedindo desculpa e tentando bater uma punhetinha escondidos, vendo alguém, ou gente estranha, maníacos, loucos idiotas o suficiente para se manterem tranqüilos e verem aquilo tudo como se passasse na teve. Fodam-se os que não conseguem ser porra louca nem em no reino da safadeza liberta e da libertinagem safada.


Sigo naquele caralho de labirinto sem nada de novo, acho que essa coisa toda de ver todos querendo se descontrolar mas com medo de qualquer coisa me irritava. No fim, como já disse, o salão grande. Ali sim o bicho pegava. Umas vinte pessoas, nem isso, se chupando, se assistindo, se batendo e literalmente se fodendo. Dois caras davam conta de uma gordinha animada, enquanto reconheço que a parceira de um deles estava do outro lado da sala, no resto do sofá modulado de couro, se masturbando freneticamente. Se aproxima um voluntário a chupá-la, que de pronto aceita. Ê vidão besta. Outros fodem uns aos lados dos outros, irreconhecíveis das pessoas de baixo, cotovelos, pintos, bucetas, peitos, cabelo voando pra tudo que é lado. Uma besta com mais braços que Ganesha, maior que Shiva e, pelo jeito, mais feliz que o próprio Buda. Exceto que não era a barriga que estava sendo massageada. Casais tímidos ficavam na porta, se animavam, mas não entravam. Tudo era visto pela porta ou pelas janelas de treliça, que incitavam o voyeurismo de um modo estranho, já que o voyeur era visto pelas pessoas de dentro, e, muito provavelmente, quem estava dentro estava literalmente cagando de serem assistidas. Na frente haviam salas menores parecidas com essa maior. Das três salas, apenas uma estava ocupada por quatro pessoas, duas delas rindo e duas gemendo. Queria saber qual era a piada. Detalhe presumível, todos pelados.


Saio pelo outro lado do mezanino, que contorna o labirinto. Uma morena dava narigada na barriga de um cara, de olhos fechados. Antes de passar por eles, o cara dá um gemido quase na minha cara. Chifrudo. A ocasião toda me lembrou de uma versão adulta e bissexual – não testemunhada por mim, mas pensando que havia um casal de lésbicas e pelo clima do local, devia acontecer mais do que se tem notícia – de uma prática americana, o Circle Jerk. Era quando vários adolescentes assistiam um filme pornô e então sentavam em um círculo, masturbando a pessoa ao lado. Imagino que fosse como um jogo de UNO, onde dado o comando, a ordem trocava. Acho que de bom disso tudo, apenas a banda homônima de punkrock dos anos 80.


Saí de lá feliz, porém decepcionado. Em um clima onde é possível de fazer praticamente qualquer coisa, tirando, talvez, cropofilia, as pessoas ainda ficam tímidas pela própria sexualidade e preferem se masturbar ouvindo os outros se divertirem. Cada qual se diverte com o que quer, mas, porra, isso é literalmente gozar com o pau do outro. Penso que o que acontece em algumas micaretas, carnavais, bailes funk, festas da espuma, do farol, do blecaute, do double e afins é bem pior do que aconteceu. Apenas é um pouco mais velado. E as surubas ficam mais de canto. Porém, quanto ao desejo, o swing perde muito. Talvez pelas regras, pela antecipação ao sexo, pelo fato de irem lá pra realmente fazerem algo, ou, não sei, qualquer outra limitação psicológica, aquilo tudo tem um potencial fodido, mas inexplorado. Pode ser também que tenha escolhido o lugar errado, e a matéria merecesse uma turnê pelos grandes clubes de swing numa investigação minuciosa e ativa de todos os aspectos. Idéia que foi vetada pela patroa, que considerou o material suficiente. Gostaria de fechar dizendo que o swing é uma experiência que todos deveriam ter, mas não é bem por aí. Na real, é como uma droga, ou qualquer coisa polêmica. É como a primeira vez em que se faz sexo, numa comparação com alguma relação ao tema. A antecipação é uma das melhores sensações que há, o ato em si dura um tempo inadequado e no fim você sai confuso, frustrado e com um pouco de fome. E, como sexo, talvez a freqüência melhore a qualidade de tudo. Ou seja apenas algo caro e que gere um punhado de chateações. Novamente, assim como sexo.

domingo, novembro 23, 2008

Swing: Rumo à sacanagem - Parte 2

Esse foi um trabalho feito pra um TCC sobre Jornalismo Gonzo. Para quem não conhece, é basicamente o Novo Jornalismo, quebrando o resto das regras que faltavam, e regido sob o espírito de Hunter Thompson. Este post está dividido em três partes e a próxima será postada segunda à noite.

Avisamos que o post tem conteúdo adulto e sexual, podendo ofender algumas pessoas. Por via das dúvidas, não leia.


Swing: Rumo à sacanagem - Parte 2
R. Costa

Adentrando aquele buraco – e digo isso sem qualquer malícia – defronto-me com uma série de passagens de tapumes. A maioria deles levava apenas a passagens sem saída, com pequenos quartos sem porta, mas conforme ando, percebo que aquele começo não era nada. A cada passo que dava pelo ambiente escuro e de ar preocupante descubro mais, até onde meu olho consegue enxergar. Após a primeira etapa, que são basicamente apenas caminhos sem iluminação, chega-se a algumas paredes finas, com quatro buracos de um lado com um pequeno banco na altura das mãos e cabeça, respectivamente, de quem estivesse sentado, e, do outro, apenas uma entrada. Conseguia imaginar o que poderia acontecer ali, mas não demorou até realmente presenciar algo acontecendo. Uma coroa, loira, cabelos curtos, chupava um pinto anônimo. Só reconheci sua presença quando, sem querer, chutei o pufe no qual ela estava sentada. Pedi desculpas, mas não houve resposta. Relevei a gafe, ela estava ocupada. Não me concentrei muito na cena, ver alguém fazendo tal tarefa no mesmo lugar que eu já me era inédito, mas o jeito que tudo estava acontecendo era ainda mais estranho.


Continuando a jornada através da obscuridade, outras dessas paredes apareciam, mas todas vazias. Acabo descobrindo, mais tarde, que se chamam ‘salas de toque’. Mais a frente haviam alguns quartos fechados, um ao lado do outro, com buracos em todos eles, interligando-os. Não foi preciso criatividade para imaginar a função. Há também quartos pequenos e fechados, com trava. Relaxei um pouco quando percebi que todas as cadeiras eram de couro e em todos os ambientes haviam pequenos porta papel, para a suposta higienização local após cada encontro. Topo novamente com a minha conhecida redonda da porta do Labirinto, que entrava por onde eu estava saindo, no momento. Apercebo-me de outro ambiente, que era basicamente o mesmo do andar inferior, com mesas e tudo mais, mas com uma porta ao fim, ligando o fim e o começo da instalação da sacanagem anônima. Desço novamente.


Minha incursão ao segundo andar foi tempo suficiente para que o salão inferior se enchesse. Pelo menos metade das mesas já estavam ocupadas, e em todo lugar as mulheres dançavam com certa liberdade, com os respectivos maridos, namorados, colegas e/ou comedores observando do balcão, falando amenidades. Sento-me perto, tentando me enturmar, queria fazer parte da gangue do swing. Peço mais três doses de cachaça pro garçom que já estava puto por eu querer gastar tão pouco. Já no fim do terceiro percebo um coroa de aparência inofensiva e redonda me observando. Puta que pariu, só faltava uma bicha gorda querer vir puxar papo comigo, sendo que tinha tanta mulher no espírito de sacanagem no recinto. Logo essa impressão cai por água, sua mulher chega para conversar com ele, e, na chegada de um novo casal, os dois os beijam profusamente. Ambos os parceiros. Já não acho tão espantoso, cada instante passado naquele ambiente me deixa mais calejado e nada assusta tanto quanto o baque inicial, pelo menos por enquanto. Vai que entra alguém montado num jumento, a grande atração da noite. Suruba eqüina pode ser a nova moda das noites paulistanas.


Acaba que todos saem dali. Ou é o que parece. O obeso agora, além de olhar em minha direção, sorri. O viado. Levanta e senta numa cadeira perto de mim.

Gordo

Oi.

Eu, mais gordo ainda

Opa.

Gordo

Eu conheço quase todo mundo que vem aqui, cê é novo, né?

Eu

Não sou novo, mas é a primeira vez que venho.

Gordo, sorrindo

Percebi, então cê é novo. Sabe como funciona?

Eu, pacientemente

Sei. Todo mundo sobe e se come.

Gordo, aparentemente decepcionado

Não, não é bem por aí. Sabe, tu precisa conhecer alguém, conversar, tal, fazer amizade. Não é chegar botando na mulher de todo mundo. Cadê a sua?

Eu, tentando manter uma cara séria

Em casa. Lendo a bíblia.

Gordo, que aparentemente estava mais interessado em conhecer minha parceira do que me explicar como funcionava tudo

Hum, então. Mulher é moeda de troca. Mais fácil tu conseguir algo com alguém pra oferecer, sabe? Não adianta querer fazer tudo, assim, sem conhecer ninguém nem trazer ninguém. Não é fácil assim. Tem cara que até gosta que algum desconhecido coma a esposa e ele assista, sabe? Corno manso, fetichista.


Eu

Urrum, o melhor tipo.

Gordo, alegre pela minha sinceridade

É, é. Então, tem gente que gosta de ser observada. Esses ficam nos quartinhos com grade. Tem gente que só gosta de trocar, mesmo.

Eu

Só?

Gordo

É, tal. Modo de dizer. Cê sabe. Então, e tem mulher que vem sozinha e quer dar pra todo mundo, às vezes ao mesmo tempo, é normal. Sabe? Aí tem cara que assiste, cara que come outras, mas a mulher é quem manda em tudo. Se ela quiser dar pra vários e quiser que o cara só assista, ele só pode concordar, ou falar pra irem embora. A mulher tem o poder.

Eu

Por isso a minha está em casa, lendo a bíblia.

Gordo, risonho

Então. Aí você precisa conversar. O lance esquenta mesmo quando acaba o show. Todo mundo curte, tal, fica se roçando, vendo a mina fazendo strip, depois todos sobem pro labirinto. Aí é bom. Mas cê devia ter trazido tua mulher.

Eu

Não, tranqüilo, precisa não. Olha, vou ali no banheiro. Depois a gente se fala. Depois tu me apresenta tua mulher. Valeu pelos toques.


O gordinho saiu feliz pelo novo amigo de swing. Cara insuportável, mais cuspia que falava. Foi eu estar na porta do banheiro, um cara de meia idade tira a roupa no salão. Uma morena, não sei o grau de relação com ele, começa a chupá-lo. A exibição acaba rápido, o showman brochou com a pressão. Volto do banheiro, havia começado o show de verdade. Uma loira com todos os requisitos e aparatos de stripper se contorcia no meio da pista. Nisso vai uns 10 minutos, ao chamar uma outra menina, que estava acompanhada, pelo que reparei depois, com outra garota que mais parecia um skatista colegial. Cada um, cada um. Exibição chega ao fim e a putaria começa. Literalmente. Aparentemente, o fim do show erótico é a deixa para os casais subirem ao mezanino e a noite começar de verdade. Isso só percebo depois de uns 20 minutos, quando o salão já está praticamente todo vazio. Subo, refazendo os passos de uma hora atrás, em um ambiente completamente diferente. Agora era outro lugar e o clima de sacanagem era denso.


sábado, novembro 22, 2008

Time for Action! #17


Poster Via Flickr da Action

Jamaican Label Art: A Arte dos discos jamaicanos

Uma das coisas mais legais dos discos de vinil com certeza é a arte, seja na capa, seja no próprio disco. Somos completamente pirados nas artes das capas de discos dos selos jamaicanos, que ao longo do tempo produziram muita coisa legal(especialmente na década de 60 e 70). E se formos pensar que naquela época, tudo era mais difícil, ainda mais em um país pobre como a Jamaica, ver trabalhos tão impecáveis realmente era de se admirar.

No site Jamaican Label Art, dá pra se encontrar muito material bacana à respeito dos selos internos dos discos e algumas capas de compactos, é legal ver que vários estilos estão impregnados, como desenhos mais geométricos, foto montagens(e sem Photoshop, tudo no estilete e na paciência) e muito uso de tipografia.

Destaque para os selos clássicos Crab, Camel, Gas, Pama, Coxsone, Treasure Isle, Studio One e Trojan que possuem seus clássicos designs. Ainda existe uma seção só com selos considerados "trashed", ou seja, que estão danificados por ação do tempo. Muito bom!

http://jamaicanlabelart.com/

sexta-feira, novembro 21, 2008

Swing: Rumo à sacanagem

Esse foi um trabalho feito pra um TCC sobre Jornalismo Gonzo. Para quem não conhece, é basicamente o Novo Jornalismo, quebrando o resto das regras que faltavam, e regido sob o espírito de Hunter Thompson. Este post está dividido em três partes e a próxima será postada sábado a noite.

Avisamos que o post tem conteúdo adulto e sexual, podendo ofender algumas pessoas. Por via das dúvidas, não leia.




Swing: Rumo à sacanagem
R. Costa

Um terreno cinza pra quem gosta de uma sacanagem, o swing é uma daquelas coisas que você acha que apenas empresários enfadados com o casamento faziam. Na realidade, o nome era Jogo da Chave, prática americana dos anos 60 e 70, onde homens colocam suas chaves do carro em um cinzeiro, e as esposas aleatoriamente pescavam uma chave, sem ver. Uma roleta russa do lazer adulto com a torcida de que a loira peituda agarre com todas suas forças seu chaveiro do Fusca, mas com maior probabilidade de que você seja contemplado com uma mulher de mesmos atributos físicos do que seu carro. Grande, pesado e com um cheiro estranho por dentro que nunca conseguiram identificar do que seja.


Contudo o swing evoluiu muito, ganhou as ruas e cerca de quarenta mil americanos são membros da NASCA (Associação Norte Americana de Clubes de Swing), segundo a própria associação. Certo, talvez ‘ganhar as ruas’ ainda não tenha acontecido, porém esse número é espantoso, considerando que esses não são apenas swingers casuais, mas sim pessoas que vivem esse estilo de vida. Já no Brasil, a coisa não evoluiu tanto, mas alguns bons clubes estão abertos em muitas cidades, mas se concentrando em São Paulo.


Aí começa a velha história da criação da reportagem. Reunião de pauta, um bom assunto e um bom repórter. Não que o repórter seja bom, mas quebra o galho, ainda mais se for pra falar de dezenas de casais fazendo até o diabo chorar. Aliás, todas minhas pautas deveriam ser assim. Clube de swing, cobertura de uma viagem de primeira classe à Europa, uma tour pela mansão da Playboy. Meu tipo de jornalismo.


Após a fase inicial de animação de mais uma reportagem, começa os preparativos. Primeiro e antes de tudo, a permissão do patrão. Neste caso, a patroa. Após o drama inicial, tudo certo. Depois: achar uma casa de swing. Na baixada santista há apenas um night club que adere ao encontro de casais, e apenas no domingo. Porém, melhor ir num lugar de nome, ver a coisa toda em um lugar projetado para tal ritual.


Acho um em São Paulo, com nome de puteiro caro ou de boate barata. No fim, era a primeira opção. Consegui, através do fórum Guia de Garotas de Programa (http://www.gpguia.net), achar o bar que foi descrito por um usuário como ‘o melhor bar para a prática, quem nunca foi não pode dizer que pertence ao estilo de vida’. Com palavras tão ternas, resolvi que esse seria o alvo. Melhor ir direto ao topo. Até porque no dia seria o aniversário de uma stripper famosa. Ledo engano, o aniversário seria na outra semana. Saco.


Preconceito com homens sozinhos, altos preços e a inacessibilidade do local me desanimam um tanto. De táxi, em um bairro nobre da capital, do metrô mais próximo até o lugar, trinta reais. Entrada de homem sozinho no dia de maior lotação da casa: cento e setenta reais. Isso mesmo, a prática do swing definitivamente não é pra pobre. Pra esse grupo, só resta mesmo a putaria desvairada. Além de custoso, entrar sozinho no bar é mal visto, pelo jeito.


Tímido pelo ambiente que cheira a lubrificante, sentei no canto. Cheguei cedo, apenas outros três casais distantes de si. Já pensei, azedou a matéria toda. Por sorte, suingueiros são uma espécie de hábitos noturnos. O cardápio podia ser confundido com a tabela de preços de uma concessionária. A bebida mais barata custava um quinto da entrada. Tive que implorar pela cortesia do garçom de me trazer doses de pinga a preço de suco. Que, por sinal, tem os preços tão fora de contexto quanto os drinks. Certo, mais solto, tranqüilo, deu pra ir ao banheiro sem ficar com vergonha. Passando pelas mesas feitas em bancos para casais, estimulando a conversa e tudo mais entre os freqüentadores, tenho uma vista melhor da pista de dança. Tudo ali lembrava uma boate cara do interior. Música dos anos 80 pseudo romântica, uma pista de dança com globo de luz, piso piscante e mesas de madeira. Tudo, com exceção das mulheres, que começavam a chegar, devidamente acompanhadas e usando micro saias que mais se assemelhavam a panos amarrados na cintura, ou vestidos vergonhosamente curtos.


Primeiro baque. Um casal chega e cumprimenta outro com beijos longos e entusiasmados na boca, enquanto ainda estão de mãos dadas. Esse lugar começava a dar um novo conceito à expressão ‘bons amigos’. Finalmente entro no banheiro, passando pelas mesas em forma de ‘u’ no que pareceu ser uma eternidade. O banheiro, meu Deus, o banheiro. Que coisa linda. Uma escultura no meio do hall do toalete, seguida por uma fonte de um moleque cuspindo água na parede. O chão, de ardósia, e a pia, de mármore, devem ser as melhores instalações do tipo que já testemunhei.


Ao lado do banheiro percebi uma escada que dava a um piso superior, que percebi que havia ignorado. Subindo, deparo-me com um corredor e uma passagem escura, com uma espécie de lençol preto, pelo que parecia de longe, uma entrada de tapume. Olho aquilo, em volta apenas outro banheiro e outro corredor, com três pequenas salas com porta e paredes de grade de madeira, e um grande quarto ao fim, com sofás de couro ao redor. Voltei aonde estava. Sai dali uma rotunda loira de vestido vermelho, a quem pergunto pra onde leva aquele sórdido pórtico. A resposta, que não me ajudou tanto quanto achei que fosse, aumentava a estranheza. “O labirinto”.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Dia negro da consciência

Do Blaxploitation aos Dez mandamentos do Black, o negro é o povo
mais sofrido dos últimos 400 anos. Isso não é novidade.

Do Dixieland aos Panteras Negras, conseguiram se recriar
com cultura e se envolver em política. Não existe uma faceta
no mundo ocidental que não tenha tido participação
do negro, ou tendo sido fundamentalmente criada por ele.

Do Candomblé ao futebol. O estilo mais ouvido por brancos burgueses, o Jazz
negro. O estilo mais ouvido por negros paupérrimos, o Rap, negro.

O estilo mais poético e real, o Soul, mais negro que tudo.

Do Boxe ao Choro. Do carvão ao ferro. De Pelé a Martin Luther King. Da Mãe África pro resto da porra do mundo inteiro, negro

é a semente.


R. Darci

quarta-feira, novembro 19, 2008

Novos posters, #24 e #25





























Pra quem ver esses dois novos posters, pode até estranhar, mas não, não perdemos a conta ou coisa parecida, é que tem coisa nova e resolvemos lançar aqui também, ao invés apenas do flickr.
Alguns já foram postados e fazem parte da primeira leva que foi feita e marcou o início das manifestações da Action como coletivo, antes mesmo de blog e tal.
O objetivo era passar as idéias e conceitos que temos por meio dessas peças, como a música negra, a arte geométrica e um pouco de sarcasmo e apreço com a cidade que vivemos e temos como inspiração, que é Santos.
Esse meio de comunicação é bem antigo, mas continua sendo tão atual e livre que achamos que seria um dos veiculos ideais para propagar o que fazemos(e não fazemos, hahaha).
Mais posters serão lançados aqui, mas sempre que houver algo novo além dos já existentes no flickr, iremos notificar, mesmo que "quebre" um pouco a cronologia deles.

terça-feira, novembro 18, 2008

Perfil dos membros da Action

Percebemos, a cada dia que passa, pelas nossas decrescentes visitas ao blog, que muitos funcionários de lugares como Globo e Terra acessam e leem nosso pertinente conteúdo, sempre com boas sacadas do cotidiano santista e nossas frequentes grandes reportagens. Portanto, para essas estimadas pessoas, especialmente as que trabalham no RH, gostáriamos de falar mais sobre nós, nosso trabalho e nossos sonhos através de um pequeno perfil individual.




R. Morone
Designer, DJ, blogueiro.
Adora chilli e House.
Sonha em ter seu próprio domo.






R. Darci
Jornalista, produtor de eventos, gordo.
Fissurado por carangueijo e Bukkake.
Foi chamado para a Porta da Esperança mas achou que era trote do pai.

domingo, novembro 16, 2008

Peter Saville e o design de Manchester


Um dos designers que mais nos influenciam se chama Peter Saville. É incrível a trajetória deste inglês em ir na contramão do design mais sujo e anarquista que rolava na Inglaterra nos anos 70. Ele construiu à partir de influências dos mestres Herbert Bayer e Jan Tschichold, trabalhos geométricos e minimalistas, com profundo cuidado na diagramação.

Saville ficou famoso também pelas capas dos discos do Joy Division e New Order. Não podemos e nem devemos esquecer, também, do seu trabalho como designer e sócio da gravadora Factory Records, principal incentivadora musical e cultural de Manchester nas décadas de 70, 80 e começo de 90. O designer estava se formando quando recebeu convite de Tony Wilson para fazer o cartaz de uma festa que começava a rolar por aqueles lados.

À partir daí, a relação Wilson-Saville só aumentou. Tempos depois, criaria a marca da Label e se tornaria diretor de arte da Factory Records. A label possuia uma identidade visual única, desde os seus cartazes até capas de discos, onde estilo impregnado era realmente diferente e marcante para o período. Peter Saville teve outras fases como designer. Oras puxando para uma coisa mais clássica, ou algo mais oitentista, indo naquela onda do New Wave. Ainda assim, sempre conservou uma organização visual conseguida no passado.

Vale lembrar também que, Saville, foi sempre fiel a sua cidade natal. Muitas vezes relutou em sair de Manchester. A cidade sempre foi uma inspiração e um verdadeiro lar para ele. Não era bairrismo, mas um sentimento bacana que culminou com vários trabalhos para a cidade nortista e a eleição em 2004 como diretor de criação de Manchester. Muito foda! Peter Saville é uma das grandes provas de um artista com estilo próprio e que não esquece do seu berço.

Peter Saville, site oficial

Novas Idéias!


Poster Via Flickr da Action

sexta-feira, novembro 14, 2008

Festa Casino Matinee e o futuro

Pra quem não sabe, antes mesmo do blog ser lançado, a Action já vinha fazendo alguma coisa, no caso, a festa Casino Matinee, voltada para o Northern Soul, uma cena que existiu no Norte da Inglaterra e celebrava os discos mais obscuros e dançantes da música negra americana. A Action ainda pretende falar disso com mais calma em breve, já que é um puta assunto fodido!
Com cerca de 100 pessoas, a festa foi boa, teve uma boa repercussão mas, infelizmente, não há data de retorno devido a falta de espaço, já que, infelizmente, a Lady Hell, segundo comunicado oficial, não abrirá mais suas portas.
Infelizmente em São Paulo, poucos acreditam em música boa, em Santos, menos ainda, estamos na procura de um lugar bacana. Quem tiver alguma idéia de lugar, mande.


quinta-feira, novembro 13, 2008

Diploma, analogia do ciclo da vida.

Post curto;
Pedi meu diploma de jornalismo à minha faculdade.
Me apresentaram duas opções and I quote:

1. Especial: Feito com papel bonito que dura a vida toda. (sic)
2. Simples: Feito com papel reciclado. Provavelmente já foi feito de papel higiênico.

Adivinha só? Mesmo depois de feito diploma, vai me servir pra limpar a bunda.


Ignorem as imagens.


domingo, novembro 09, 2008

Paul Rand, símbolo do design americano



Falar de Paul Rand talvez nem fosse necessário. Se não o conhecem pela pessoa, devem conhecer pelos seus sensacionais trabalhos ao longo da carreira. Só que somos insistentes, adoramos falar de nós mesmos e do que nos influencia. Este designer americano é uma delas.

Foi influenciado no início de carreira pelo Sachplatt, uma reação alemã aos excessos da Art Noeavau e que pregava o minimo uso de elementos nas peças gráficas. Na época, também já havia recebido elogios do lendário professor da Bauhaus László Moholy-Nagy. Segundo László, Rand era um idealista e realista, conseguindo com maestria agregar forma e função em tudo o que fazia. Aliás, essa personalidade perfeccionista do designer refletia na sua fama de ranzinza e rigoroso, em grande parte influenciado pela escola suiça de design.

A fama de Paul Rand era grande ainda jovem. Tanto que, na década de 30 e 40, já trabalhava para a revista Esquire-Coronet. Um fato curioso sobre sua carreira na revista é que na primeira vez que lhe ofereceram o cargo, recusou. Justificou dizendo que ainda não estava maduro o suficiente para a empreitada. Aceitou a labuta no ano seguinte.

No meio da década de 50, o americano criou um dos seus trabalhos mais legais: o material gráfico para a IBM. A parceria durou anos e seu trabalho se tornou icônico. Conseguiu trabalhar de forma única formas básicas da geometria em uma empresa voltada para Informática. Um conceito totalmente diferente do que se espera para uma empresa do ramo, que sempre busca uma identidade mais futurística, evocando tecnologia e desempenho.

Entre outros trabalhos, Rand fez todo o material gráfico para a máquina de escrever Lettera, da Olivetti. O manual de instruções do aparelho é uma coisa que até hoje choca quem observa. Contraste de cores e trabalho com tipografia diagramados de forma elegante, sem ficar sisudo.

A idéia não é se alongar na biografia do designer. O trabalho de Paul Rand está disponível em vários lugares para ser visto. Infelizmente, o americano faleceu em 1996, vítima de cancer. Na memória fica tudo o que esse designer trouxe de bom. De cartazes a manuais de instruções, Rand conseguiu através de todos os seus trabalhos, tornar a vida das pessoas melhor. Visite o seu site oficial

sábado, novembro 08, 2008

Banda Black Rio & Mano Brown em tributo à Tim Maia

Novembro promete muita coisa legal no quesito música negra. No próximo dia 19, quarta-feira, marcando o início das comemorações do mês da Consciência Negra, vai rolar um tributo ao Tim Maia com presença da Banda Black Rio e do Mano Brown.
O lance pelo jeito vai ser do caralho, fico aqui tentando imaginar como será essa mistura, com artistas tão diferentes, mas com influências tão próximas.
O evento vai ocorrer no auditório Simón Bolivar do Memorial da América Latina e faz parte de uma programação toda dedicada a essa data tão importante, e por vezes esquecida por muitos. Não percam, e porra, o evento é grátis e num horário bom!

Abaixo o release oficial:

19.11 - Tributo a Tim Maia: Banda Black Rio e Mano Brown

Show em homenagem ao “pai da soul music brasileira”, uma parceria entre o Memorial e a Unipalmares/Afrobras que integra o calendário oficial das comemorações do mês da Consciência Negra.

Serviço:

19 de novembro, quarta, 20h
Grátis. Retirar ingressos a partir das 14h na bilheteria
do Auditório Simón Bolívar.
http://www.memorial.sp.gov.br

* Agradecimentos ao amigo Roberto Iwai pela dica!

sexta-feira, novembro 07, 2008

Toni Tornado, agora só mais um


É engraçado ver uns caras como o Toni Tornado sendo referenciados como um dos grandes atores negros brasileiros. É um post de começo direto, eu sei, é foda. O cara era daquela leva fodida do começo dos anos 70 que gerou King Combo, Tim Maia e outros caras que não preciso citar aqui. Ele criou aquele bordão, Podes crer, amizade, que, inclusive, até hoje estou tentando lembrar da música que sampleiam ela. O desrespeito gigantesco a obra do cara como músico é aterrador, sério. O fato de citarem a questão dele ser músico como um side quest na história dele é um crime. Qualquer idiota sabe que ele era músico, mas não faz a mínima noção de qualquer track do negão, tornando tudo pior. Se mostram a Cláudia Raia ad infinitum vomitando aquela frase velha Não fuja da Raia, eu, pessoalmente, iria ver qualquer novela com uma vinheta do cara falando Podiscrê, amizade. Ou, no meio da cena, ele lançar um sonoro Falei e tá falado. Por qualquer razão que seja, não importa.

Estão conseguindo seguir o argumento? Resumindo: Mataram a personalidade do Toni Tornado. Mataram o Toni Tornado. Primeiro que tem que parar de achar que ele é ator pra fazer personagem pra tar ao lado da Viúva Porcina, porque não é. Ele tem uma catástrofe natural no nome, cacete. É impossível disassociar a persona de Tornado com qualquer personagem. Ou, pelo menos, deveria ser. Pô, olha o Afro do cara. Ele tem uma órbita própria. Isso deve valer pra algo.
Segundo que matar uma persona tão forte, a escondendo em papéis comuns, é sufocar um homem que, ao natural, é mais carismático e intenso que todo o resto da trama.

Nessas horas penso no Mussum, que teve uma carreira muito foda no Originais do Samba e, ao mesmo tempo, conciliava muito bem o papel nos Trapalhões. Ele conseguia com maestria equilibrar esse jogo todo, fortalecendo no fim, Antônio Bernardes. Isso porque ele quase que não vira humorista, dizendo que quem aparece na TV pinta a cara, e pintar a cara não é coisa de homem. Esse representou.

R. Darci

Poster #15

Poster Via Flickr da Action

quinta-feira, novembro 06, 2008

Mixtape de Soul

A multimídia Flávia Durante, que promove entre outras coisas, a festa Popscene, montou uma mixtape do caralho em homenagem a vitória do Barack Obama nos EUA.
Do já abordado na Action Raphael Saadiq aos brasucas Wilson Simonal e Tim Maia, o podcast mostra várias pegadas da música negra, do lance 60's até o atual.
Não podemos deixar de mencionar também o mito Sam Cooke com uma das músicas mais lindas de todos os tempos, e que inclusive foi bastante abordada na campanha do Obama, a "A change is Gonna Come".
A mixtape conta também com a musa do Northern Soul Shirley Ellis, Ike & Tina Turner, Al Green, entre outros.
Uma iniciativa bacana, já que não é muito corriqueiro ações do tipo voltadas para a música negra. Torçamos que a mina se empolgue e faça mais podcasts assim!


Confira a Playlist e escute-o clicando aqui

01 - Tim Maia - Já Era Tempo de Você
02 - Al Green - No One Like You
03 - Ike & Tina Turner - It's Gonna Work Out Fine
04 - Jamie Lidell - Another Day
05 - Raphael Saadiq - Sure Hope You Mean It
06 - Estelle ft. Kanye West - American Boy
07 - Sharon Jones & The Dap Kings - Something's Changed
08 - Shirley Ellis - Such a Night
09 - Sam Cooke - A Change Is Gonna Come
10 - Wilson Simonal - Tributo a Martin Luther King

Os grooves retro-futuristas do Noonday Underground

Sabe aquelas bandas que você não conhece, é boa pra caralho, mas já tá na estrada há um tempo? Pois é, o Noonday Underground é assim. A banda consiste no Dj Simon e na bela cantora Daisy Martey. Eles tocam desde 2000 e já lançaram 4 discos, o último nesse ano, o "Set Sail".

O Noonday Underground já mostra seu diferencial pelo nome, que foi extraído de um livro sobre a banda The Who.O som dos caras poderia ser definido como groove retro futurístico, mas claro, ninguém aqui tá se metendo a criar rótulos esdrúxulos, é só uma definição besta do autor desse texto.

A real é que eles conseguem transportar o Soul dos anos 60 para os tempos atuais e misturar com as batidas e efeitos da música eletrônica. Uma coisa bem...retro-futurista realmente, e o mais legal de tudo isso, é que eles são extremamente orgânicos, coisa difícil de se ver em bandas que tentam fazer um híbrido do eletrônico com o acústico. Os caras inclusive já auxiliaram o músico britânico Paul Weller, tendo o mesmo em gratidão feito uma participação nos vocais na canção "I'll walk right on".

Talvez o maior sucesso deles seja a música London, do primeiro disco, um groove dançante e sensual com um baixo e bateria conduzindo os vocais quase que orgásmicos da Daisy Martey. O clipe é rodado em um clube londrino que toca Soul Music e mostra bem tudo o que eu falei até agora.

A Action não tem frescura se a banda é nova ou velha, o importante é ter um som fodido, e com certeza o Noonday Underground cumpre com esse quesito.
Se vocês querem música negra nova com raizes no passado, não deixem de escuta-los, é legal pacas!. Visitem o Myspace deles e vejam os vídeos abaixo!




quarta-feira, novembro 05, 2008

RIP Byron Lee (1935-2008)

Cheguei em casa agora e pelo You&Me soube que o grande Byron Lee tinha morrido. O cara era jamaicano de nascimento, mas tinha descendência chinesa. Sim, chinesa! A ilha caribenha recebeu vários imigrantes chineses no meio do século 19 até mais ou menos o início do 20. Byron era baixista, tendo, inclusive, aprendido a tocar o instrumento a partir de um contra baixo feito em casa. Lee também tocava piano.

Nos fim dos anos 50, junto com amigos da escola, formou o conjunto The Dragonaires, com quem tocou na maior parte de sua carreira. A banda se tornou uma das principais no ritmo que estava nascendo na Jamaica, o Ska. Lee também passeou pelo Rocksteady, Calypso e Soca -ritmo que ele ajudou a se popularizar no Caribe-, e também trabalhou como produtor musical. Chegou a ser dono de um próprio selo, a Dynamic, que produziu muita coisa boa.

Um do seus discos clássicos, "Rock Steady", de 1967, talvez seja um dos discos mais subestimados da música jamaicana. Nele, Byron e os Dragonaires dão um show, indo do recém nascido Rocksteady ao Ska e o Calypso, mostrando as diversas facetas deste músico e sua banda.

Segundo o próprio Byron Lee, um dos pontos altos de sua carreira foi ter criado um evento de Carnaval anual na Jamaica. Contrariando a tudo e a todos, que não apostavam em uma festa deste naipe por lá. Até então, a Jamaica não tinha este tipo de evento, que era bem popular nas outras ilhas caribenhas. O Carnaval buscava unir todas as classes sociais nas ruas, tornando uma celebração totalmente democrática e gratuita.

Ao longo do tempo, Byron Lee se mostrou um artista muito importante. Transcendeu a Jamaica e é reverenciado até hoje em todo o Caribe. Não só pelo seu talento músical, mas por toda sua luta em expandir a música jamaicana e caribenha.

Nos vídeos abaixo, uma amostra do som desse grande músico. Um calypso tocado para o filme 007 contra o Dr No-se não me engano Lee e a banda até aparecem tocando no filme- e no outro vídeo, um belíssimo Rocksteady. Confiram e matem saudades!




terça-feira, novembro 04, 2008

O Soulful House de Lisa Shaw



Aproveitando a onda do house que assola nosso querido blog, eis uma bela surpresa que tivemos ao perambular pela internet nesses dias.
O nome dela é Lisa Shaw, canadense, mas vive em Nova York há mais de 15 anos.
O diferencial dela é a pegada soulful que ela tem, lembrou o House de chicago da década de 80, mas atualizado e sofisticado.
Em músicas como "Here I am", dá pra sacar essa mistura maravilhosa do soul com o house, a garota manda bem mesmo!
No album "Cherry", de 2005, ela passeia pelo r&b, pop, soul e batidas downtempo. Sensacional.
A mina recebeu boas reviews da Billboard, New York Times e Canadian National Post(Não que a gente ligue pra esse tipo de coisa, mas é bacana esse tipo de reconhecimento). Até a Madonna já falou que a Lisa é legal, elogiando muito a música "Always", na Rolling Stone.
Pra quem olha torto pro que tá sendo feito hoje em dia na cena House, R&b, pode confiar, a mina canta pra caralho, é bem produzida e tem boas referências. Coisa Fina. Ouçam!

Myspace da mina

segunda-feira, novembro 03, 2008

O lado soulful do bate-estaca


Pode parecer estranho, mas é legal quando aos poucos você começa a sacar como a música negra foi importante ao longo do tempo, a Action admira a importância disso em vários aspectos, principalmente no groove e no fator agregador de envolver várias pessoas diferentes em um mesmo local para dançar e se divertir.

A Disco music começava a dar seus sinais de desgaste no fim da década de 70, a coisa já tava ficando saturada, na época, ela ainda era ouvida nos clubes "Gay Friendly" e dividia seu espaço com o soul da Filadélfia e com o funk. Em Chicago, um dj chamado Frankie Knuckles misturava clássicos da Disco Music com sons de bandas como Kraftwerk. Essa mistura, mais mecânica, mantinha a batida 4x4 dançante da disco e agregava com essa coisa robótica que bandas de synth-pop possuíam. Era uma reinvenção da música negra, o House, que tinha esse nome derivado do clube onde Frankie Knuckles tocava, o Warehouse, há controvérsias, só que ninguém aqui pretende destrinchar tal mistério. Caras como Joe Smooth enriqueceram o ritmo com uma levada de piano que se tornou marcante da região, seu maior sucesso, "Promised Land" mostra bem essa pegada que o House vinha ganhando.


A cultura do mix se mostrou extremamente benéfica, os djs pegavam muitos sons obscuros de disco music e misturavam com discursos de liberdade e sons da cidade. O interessante até aí, é que as baterias eletrônicas não haviam sido inventadas, o House era uma coisa totalmente analógica e dependia do feeling do dj com seu mixer, para acrescentar samplers e outros sons em cima da música. A partir da criação das baterias eletrônicas e novos modelos de sintetizadores, o ritmo ganhou ainda mais liberdade criativa, e os músicos começaram a pirar.

O Acid house, um sub-gênero do House, surgiu a partir dessas novas possibilidades, como o sintetizador TB-303, que possuia timbres mais "ácidos". O ritmo começava a se espalhar por Nova York e Detroit, que começaram a ter suas próprias cenas, Nova York já possuia o lendário clube Paradise Garage, com o grande dj Larry Levan, e Detroit, embora distinta, tinha sua própria visão do House, que misturava além do Kraftwerk, Hip-Hop e Italo Disco.


É claro, que o objetivo aqui não é detalhar completamente a história do ritmo, mas mostrar essa inflûencia da música negra.
O House começava a ganhar outros países, como a Inglaterra, que já possuia uma grande tradição da cultura rave no norte do país, com o pessoal do Northern Soul. Ver o novo ritmo como extensão, foi natural, e muita gente começou a aderir à nova cena que se desenvolvia.

Em Manchester, graças a Factory Records, o ritmo foi abraçado de forma impar, influenciados pelas bandas dos anos 60, a música negra, e é claro, o House, o pessoal da região mostrou sua visão própria do estilo. O Summer of Love, no fim da década de 80 marcou a invasão do House por toda a terra da Rainha, mas isso é assunto para outra história.
Enfim, a música negra ao longo do tempo, se mostrou um som democrático, agregador, divertido e dançante, não importando o lugar onde era feito ou escutado. O House foi apenas um dos caminhos, mas há várias possibilidades.

sábado, novembro 01, 2008

1 mês e 1 dia


Queremos agradecer às visitas e ao apoio ao blog, que , em seu primeiro mês de existência já conseguiu mil visitas. Ok, faltando 11, que depois foram conseguidas no primeiro dia, com alguma folga. Estamos finalmente conseguindo muito dinheiro fazendo pouca merda, graças a vocês, fãs.


Enfim, obrigado.




Shake!


Poster Via Flickr da Action

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