segunda-feira, novembro 03, 2008

O lado soulful do bate-estaca


Pode parecer estranho, mas é legal quando aos poucos você começa a sacar como a música negra foi importante ao longo do tempo, a Action admira a importância disso em vários aspectos, principalmente no groove e no fator agregador de envolver várias pessoas diferentes em um mesmo local para dançar e se divertir.

A Disco music começava a dar seus sinais de desgaste no fim da década de 70, a coisa já tava ficando saturada, na época, ela ainda era ouvida nos clubes "Gay Friendly" e dividia seu espaço com o soul da Filadélfia e com o funk. Em Chicago, um dj chamado Frankie Knuckles misturava clássicos da Disco Music com sons de bandas como Kraftwerk. Essa mistura, mais mecânica, mantinha a batida 4x4 dançante da disco e agregava com essa coisa robótica que bandas de synth-pop possuíam. Era uma reinvenção da música negra, o House, que tinha esse nome derivado do clube onde Frankie Knuckles tocava, o Warehouse, há controvérsias, só que ninguém aqui pretende destrinchar tal mistério. Caras como Joe Smooth enriqueceram o ritmo com uma levada de piano que se tornou marcante da região, seu maior sucesso, "Promised Land" mostra bem essa pegada que o House vinha ganhando.


A cultura do mix se mostrou extremamente benéfica, os djs pegavam muitos sons obscuros de disco music e misturavam com discursos de liberdade e sons da cidade. O interessante até aí, é que as baterias eletrônicas não haviam sido inventadas, o House era uma coisa totalmente analógica e dependia do feeling do dj com seu mixer, para acrescentar samplers e outros sons em cima da música. A partir da criação das baterias eletrônicas e novos modelos de sintetizadores, o ritmo ganhou ainda mais liberdade criativa, e os músicos começaram a pirar.

O Acid house, um sub-gênero do House, surgiu a partir dessas novas possibilidades, como o sintetizador TB-303, que possuia timbres mais "ácidos". O ritmo começava a se espalhar por Nova York e Detroit, que começaram a ter suas próprias cenas, Nova York já possuia o lendário clube Paradise Garage, com o grande dj Larry Levan, e Detroit, embora distinta, tinha sua própria visão do House, que misturava além do Kraftwerk, Hip-Hop e Italo Disco.


É claro, que o objetivo aqui não é detalhar completamente a história do ritmo, mas mostrar essa inflûencia da música negra.
O House começava a ganhar outros países, como a Inglaterra, que já possuia uma grande tradição da cultura rave no norte do país, com o pessoal do Northern Soul. Ver o novo ritmo como extensão, foi natural, e muita gente começou a aderir à nova cena que se desenvolvia.

Em Manchester, graças a Factory Records, o ritmo foi abraçado de forma impar, influenciados pelas bandas dos anos 60, a música negra, e é claro, o House, o pessoal da região mostrou sua visão própria do estilo. O Summer of Love, no fim da década de 80 marcou a invasão do House por toda a terra da Rainha, mas isso é assunto para outra história.
Enfim, a música negra ao longo do tempo, se mostrou um som democrático, agregador, divertido e dançante, não importando o lugar onde era feito ou escutado. O House foi apenas um dos caminhos, mas há várias possibilidades.

Um comentário:

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