terça-feira, setembro 29, 2009

El Ramon, um toy art retrofuturista

Fazia tempo que não falávamos de toy art aqui na Action. É foda, pouca coisa realmente legal tem aparecido a ponto de colocarmos aqui no blog. El Ramon é um dos toys que mais nos surpreenderam nos últimos tempos, tanto pela sua limpeza visual, quanto pelo seu conceito único.

Projetado pelo designer argentino Javier López Pereyra, El Ramon parece o indiozinho da TV Tupi, mas foi fortemente inspirado em elementos retrofuturistas. Javier tambem bebe da fonte de filmes e desenhos animados antigos. Uma puta sacada por sinal, vai em contraponto da mesmice que o mundo toy art acabou se tornando de uns tempos pra cá: coisas fofinhas e coloridas.

El Ramon foi projetado em madeira de boa qualidade e ferro flexível, dando uma perfeita sensação do antigo com o novo. Outra característica bacana é que ele acaba se tornando praticamente uma action figure, e não uma coisa estática. Se você correr, dá pra conseguir um exemplar do toy, já que ele foi reproduzido em edição limitada. Aproveite e entre no site do autor e se informe melhor sobre como adquirir.

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Via Ventriloquo, que por sinal é um ótimo blog. Os caras sempre trazem referências fodidas de tudo que permeia o mundo do design.

segunda-feira, setembro 28, 2009

O aniversário de 67 anos de Tim Maia

Hoje, caso estivesse vivo, a maior lenda do soul brasileiro completaria 67 anos. É impossível deixar de ficar triste com a perda do soulman que criou dezenas de clássicos da música brasileira e, mesmo quem não gosta, conhece mais músicas dele do que tem dedo nas mãos. Seja Azul da cor do mar ou Coroné Antonio Bento, não há um brasileiro que não curta o cara, mesmo sem saber.



Nascido em 28 de setembro de 1942, Sebastião Rodrigues Maia morreu em 15 de março de 1998, deixando um enorme legado musical, uma história incomparável na arte brasileira e uma saudade enorme.

R. Darci

sexta-feira, setembro 25, 2009

El sonido de los Teenagers [2.0]

Percebendo algumas falhas do passado, estamos reescrevendo alguns posts antigos que, apesar do tema ser bom, o que escrevemos nem sempre era. Portanto, gradualmente estaremos atualizando com algumas matérias reescritas.

El sonido de los Teenagers
Original postado em 25/10/08



Uma voz potente e um instrumental trabalhado são emoldurados por uma produção digna de Ian Levine, a lenda do Northern Soul. Despretensão e bagagem são pontos marcantes nessa banda saída do sul espanhol que ganhou o mundo. We're not a Soul band, we're just Soul Boys! Conheçam uma das gemas ainda desconhecidas da música atual, a Al Supersonic and The Teenagers.


Soulies callejeros


Em um mundo onde a imagem conta mais que o som, eles se prezam em contar com o Al Supersonic, um companheiro de obesidade que sempre apresenta um visual icônico e possui um vocal absolutamente anacrônico, na melhor das definições. A tecladista Vanessa Spin domina em absoluto o Hammond, com uma força impressionante em gravações ao vivo em conjunto com a seção rítmica de Javi e Gustavo e os metais classudos de Quirós e McNanaman . Tendo lançado seu álbum de debute em março de 2008, em um 7" intitulado Waiting for the bus, a banda é sinônimo do gênero na Espanha. Com a produção de Carlo Coupé, o compacto é um verdadeiro item de colecionador.

Há alguns anos na estrada, têm uma bagagem que se repara a quilômetros de distância. Par a par com talentos atuais como Mayer Hawthorne, dão uma lição de música a aspirantes a soulies como Winehouse e Duffy. O grupo conta com um currículo impressionante de participações. Em 2004, foram a banda de apoio de PP Arnold, ex-Ikettes, From The Jam e, mais recentemente, Dean Parrish, a mais aclamada voz do Northern Soul.

Tamanha foi a repercussão da banda que o single esgotou duas semanas antes do show de lançamento do mesmo. A Liquidator, selo e agência de música negra, mesmo antes do lançamento de um LP, já assinou com o grupo e é a atual responsável pelo booking deles. Depois que curtirem as tracks desta post, tiradas com carinho do single, visitem o Myspace deles e se impressionem.

"NOSOTROS NO SOMOS NI HACEMOS SOUL, EL SOUL NOS HACE A NOSOTROS"

Artigo originalmente escrito pelo Morone.
Reescrito pelo R. Darci.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Anti-americana

Todas as quintas, o colega Ciro Hamen, do Acento Negativo, escreve crônicas sobre a cidade pra Action. Depois de um período de férias, o cara tá de volta. Hoje, sua décima nona crônica.

- E o que você faz?

- Eu dou aula de inglês.

- Sério? Não acredito.

- Por que não?

- Você não tem cara de professor.

- E como é a cara de professor?

- Não sei. Mas não é a sua.

- Ah tá.

- Fala alguma coisa pra mim. Em inglês.

- Ok. How are you?

- Ah, você tá de putaria.

- Tudo bem.

- Onde você aprendeu?

- Eu morei nos Estados Unidos.

- Ah é?

- É.

- Eu sou anti-americana.

- Eu também sou.

- Você é?

- Sou.

- E usa all-star?

- É. Não pode?

- Não.

- Bom, fazer o que, né.

Ciro Hamen é jornalista, escreve diariamente sobre cinema no blog www.acentonegativo.blogspot.com e todas as quintas-feiras no Coletivo Action.

quarta-feira, setembro 23, 2009

Feliz aniversário, Brother Ray!


Hoje, dia 23 de Setembro, o grande Ray Charles, se vivo, faria 79 anos. Uma homenagem singela da Action, mas de coração. O soulman foi um dos caras mais legais da música e tem uma história de vida fantástica. Aliás, a história de sua vida dispensa qualquer tipo de comentário.

Se você frequenta a Action e nunca assistiu Ray, tá perdendo um puta filme. É uma das melhores formas de conhecer mais sobre sua carreira. O lado humano de Charles e sua relação quase familiar com os irmãos Ertegun da Atlantic Records é retratado de forma única. A belíssima fotografia e a melhor atuação da vida de Jamie Foxx ajudam a dar um tempero a mais na película.

Bem, a idéia nem era dissertar sobre o filme ou sobre a carreira do cara-não por enquanto-, mas tinha que mencionar. Queria mostrar dois vídeos sensacionais do Ray e que se fossem enviados pelo nosso Twitter, muita gente nem daria bola. O primeiro é uma aparição na Vila Sésamo cantando o alfabeto pra molecadinha. O outro é uma de suas maiores pedradas, o clássico Wha'd'I Say.



terça-feira, setembro 22, 2009

Paul Rand, jazzy design

Hoje a post é simples. Até porque já falamos sobre ele aqui na Action: Paul Rand. Nele, o cara fala sobre design e várias animações em cima de seus trabalhos vão surgindo. Um jazz com baixo denso e smooth dá um up ainda maior nisso tudo. Curtam ae!


segunda-feira, setembro 21, 2009

Filho extraditado da Jamaica, o Dubstep

Nascido nos ghettos britânicos e cada vez mais presente nas baladas paulistanas, o Dubstep é uma dos sons mais modernos da reciclagem da música jamaicana. Broken beats, remixagens e samplers das coisas boas antigas permeiam essas novas produções. Desde o começo dos 2000s, o estilo surgiu da cena variada da UK Garage, que já nos brindou com coisas como grime e speed jungle e caras como The Streets e Oxide and Neutrino.

O gênero segue o ritmo do 2step, usando muito snare e com um baixo pesado que mais distingue a track do que a percussão, como de costume na música eletrônica. Percebe-se a influência do dub não só nas beats como nos recortes dos antigos instrumentais, já que foi remixando os clássicos que se formou o ritmo. Com uma pegada dark, os rewinds e bass drops são comuns, emoldurando a volta do deejay, que canta em cima da batida. Mas, ao contrário de antigamente, o toasting só serve como um complemento à música, sem preocupação com o conteúdo.

Evolução e resgate da história

O melhor de tudo isso é ver a evolução da história. O estilo é tocado pelos filhos e netos dos mesmos caras que vieram com os primeiros discos de reggae e calypso na bagagem, vindos do Caribe. Apesar de absolutamente eletrônico, o estilo teve, como outros da UKG e afins, uma progressão num ritmo alucinante que, dentro de anos, criaram sonoridades próprias, todas fincadas no groove da West India.

Além disso, boa parte desse boom se deve às rádios piratas inglesas e as fabriquetas de vinil que cortavam as dubplates. Não foi, como acontece com alguns hypes construidos na areia, da noite pro dia e, muito menos, sem o esforço individual de cada um dos envolvidos. Cada passo é medido e, como o nosso funk, oferece um caminho de produção para a massa excluída afim de ser ouvida e, mais importante, continuar a trajetória dos ancestrais.

Mais que uma pincelada no assunto, com certeza, não cabe a nós. Além disso, temos o doc brasileiro Dub Echoes, que é uma produção que merece mais do que uma só linha e pretendemos falar mais em um futuro próximo. Achamos que, por uma série de razões, precisávamos abordar o estilo aqui. No entanto, vamos te deixar com quem domina o assunto:

O Tranquera.org sem dúvida é um dos maiores pesos-pesados do país quando se trata de Dubstep. E essa matéria mostra tudo que você queria saber sobre a história do gênero.

Delarge, um dos maiores sites de música atual britânica, nos brinda com este artigo, que, com paixão, mostra o lado humano da coisa toda.

Este documentário da BBC ajudou, e muito, a criar um boom na UK sobre o assunto.

A mixtape, do DJ Vibezin, Dubstep History mostra bem as raízes e é abordado em um timeline muito interessante.

Quanto aos artistas e selos, regalem-se:
2562dub
DJ Pmoos
Dubloaded
Caspa
Mala, do Digital Mystikz
Tecnotic Recordings
Punch Drunk Records

R. Darci

sexta-feira, setembro 18, 2009

Projeto novo do RaggaDeMente, DUOFAYA


Sou suspeito pra falar do cara, ele era o maior parceiro na realização da Riddim, meu antigo selo de Reggae e Dancehall. E agora está com um projeto novo, o DUOFAYA. Com o mesmo flow de quando se apresentava como RaggaDeMente, ele faz duo com a cantora Lyris em uma pegada mais romântica do que seus trabalhos mais antigos, marcados pelo slackness à brasileira. Com riddins próprios, o cara tem o toque de midas do ragga brasileiro. Além do projeto novo, ele criou os beats e produziu o novo CD do Buyaka San, Monstros do Dancehall, que vai estar nas lojas até o fim do ano.

Pra ouvir o DUOFAYA, acesse o MySpace deles. Destaque pra Hey minha linda, que tem um beat do caralho, e Minha dona.

R. Darci

quinta-feira, setembro 17, 2009

O carro do Brás

Todas as quintas, o colega Ciro Hamen, do Acento Negativo, escreve crônicas sobre a cidade pra Action. Depois de um período de férias, o cara tá de volta. Hoje, sua décima oitava crônica.

Brás se preparava para ter aquela bela noite de sono, depois de uma bela noite de bebedeira. Puxou o lençol e se cobriu.

- Caralho. Meu carro!

Lembrou que não chegou em casa com o seu carro. Saltou da cama, desesperado. Tentava se lembrar da última vez em que tinha visto o automóvel. Correu até o quarto de seu pai.

- Pai! Acorda! Pai!!

- Caralho. O que foi?!

- Eu esqueci o meu carro na fila da balsa.

- O quê?!?

- Eu esqueci o meu carro na fila da balsa.

O pai achou que o filho não estava falando coisa com coisa.

- Você está bêbado. Vai dormir.

Aos poucos, Brás começava a lembrar do que tinha acontecido. Antes de pegar a balsa que o levaria de Santos a Guarujá, resolveu descer do carro, enquanto estava na fila, para vomitar. Tinha bebido demais e comido de menos. Vomitou até a alma. Tão louco, entrou na balsa a pé e caminhou até a sua casa, já do outro lado do oceano. Não lembrava se tinha vomitado na água durante o percurso na embarcação. Enquanto isso, o carro estava em Santos, com a porta aberta e a chave no contato.

- Como eu fui fazer isso? – pensou.

O pai só acreditou quando viu que o carro realmente não estava na garagem.

Tinha todos os motivos para não acreditar. Brás sempre fora um anti-herói. Desde o dia em que engoliu um pirulito inteiro na escola e teve que ser levado ao hospital pela professora, ele tinha se transformado em um garoto perturbado. Às vezes contava histórias que ninguém acreditava. Essa do carro poderia muito bem ser uma delas.

- Caralho. Como você foi fazer isso? – perguntou o pai, enquanto ligava o seu carro para ir buscar o do filho, que tinha ficado do outro lado do oceano.

Brás também não acreditava na merda que tinha acontecido.

- Você vai ter muita sorte se essa merda ainda estiver lá.

Enquanto faziam o trajeto de balsa, Brás tentava se lembrar do que tinha acontecido. Tinha vomitado na água? Não lembrava.

Finalmente chegaram a Santos.

O carro não estava no lugar onde ele havia deixado.

- Fudeu.

- Onde estava o carro?

- Estava aqui.

O pai colocou as mãos sobre o rosto, não acreditando no que tinha acontecido. Sentou no meio-fio e começou a chorar.

- Calma, pai.

- Como calma, porra?!?

De repente, Brás viu um veículo familiar. Estava parado do outro lado da fila e com um sujeito encostado do lado de fora. Brás reconheceu. Era mesmo o seu carro.

- Esse carro é seu?

- Sim. É meu! Onde estava?

- Parado ali.

- Nossa, obrigado.

- Meu, você teve sorte. O ladrão desse carro estava tão doido que saiu pra vomitar e não voltou mais.

Ciro Hamen é jornalista, escreve diariamente sobre cinema no blog www.acentonegativo.blogspot.com e todas as quintas-feiras no Coletivo Action.

quarta-feira, setembro 16, 2009

A elegância do jazz de Moacir Santos [2.0]

Percebendo algumas falhas do passado, estamos reescrevendo alguns posts antigos que, apesar do tema ser bom, o que escrevemos nem sempre era. Portanto, gradualmente estaremos atualizando com algumas matérias reescritas.


A elegância do jazz de Moacir Santos
Original postado em 19/10/08

Grandes talentos nunca nascem grandes. Dá pra citar dezenas de nomes que, apesar de talentosos, morreram ou passaram boa parte de sua vida no anonimato. Caras extremamentes talentosos, como Simonal, que foi injustamente execrado no meio da carreira, ou Verocai, que foi por três décadas impedido de fazer seu batuque, representam sonoridades absolutamente marcantes que, por alguma razão, foram roubados de seus louros. É dando um pouco de corda pra esse banjo que falamos de Moacir Santos.


Arranjador à brasileira



Santos foi um dos maiores arranjadores e compositores do país. O pernambucano inovou na forma de fazer música ao misturar jazz com instrumentais brasileiros, merecendo o título de um dos maiores mestres da harmonização na história da música. Além de maestro, era multi instrumentista - tocava banjo, bateria, clarineta, saxofone, trompete e violão. Foi consagrado como uma das maiores influências do pessoal da MPB dos anos 60, sendo reverenciado por Vinicius de Moraes e Baden Powell. Inclusive deu aula a músicos como Dori Caymmi, Sérgio Mendes e João Donato, entre outros.

Em 1965 gravou seu primeiro álbum pela gravadora Forma, o Coisas. Nele, todas as tracks são nomeadas como Coisa nº 1 ao 10, sem ordem específica. Foi eleito pela Rolling Stone brasileira o 23º melhor disco nacional de todos os tempos. Não é pra menos, o som deste disco, todo instrumental, é imortal, daqueles que se toca para impressionar mulher e serve de trilha sonora pra vida. Lembra o que tinha de mais glamouroso na Rio antiga.

Após Coisas, Santos teve boa parte de seu trabalho traduzida em trilhas de filmes como Amor no Pacífico e Gamga Zumba. Em 1966, é nomeado membro da American Society of Composers, Authors and Publishers, a ASCAP, e, no ano seguinte, se muda para os Estados Unidos. De Pernambuco para Califórnia, se provou como um dos maiores músicos da época. Tendo impressionado Horace Silver, em 1972 gravou The Maestro e Saudade dois anos depois. Fecha a trilogia com Carnival of the Spirits no ano seguinte, sendo que todos os três discos foram lançados pela lendária gravadora Blue Note, especializada em Jazz e uma das maiores do gênero. Álias, a arte da capa desses LP's são absolutamente fantásticas. Apesar de serem gringas, passa uma brasilidade genuína, com o cuidado costumeiro das capas da Blue Note.


O homem por trás da batuta



Nascido em 1923 na cidade do sertão pernambucano de São José do Belmonte, começou cedo sua carreira musical. Aos onze anos tocava clarinete e acompanhava a banda de sua cidade, a Flores do Pajeú, a qual se juntou com catorze anos. Nessa época, já tocava, também, sax e trompete. Pouco depois foge de casa e se junta a bandas, tocando por todo Nordeste. Com algum nome e uma boa bagagem, se muda para o Rio de Janeiro e passa a se apresentar em orquestras, clubes e rádios. Trabalhou longo tempo na gafieira Clube Brasil Danças como maestro, além de ter sido contratado pela Rádio Nacional como tenorista da Orquestra do Maestro Chiquinho.

Em 1967 ele deixa o Brasil, indo morar em Pasadena, cidade californiana, aonde grava algumas das maiores pérolas do jazz com tempero tupiniquim. O então presidente Fernando Henrique Cardoso o condecora com a comenda da Ordem do Rio Branco. Às vésperas de fazer 80 anos, Moacir Santos falece após ficar dois dias internado devido a um derrame.

Uma entrevista feita pela revista Bizz com o maestro Moacir Santos pode ser conferida aqui.
E esta matéria, da Musitec, mais técnica, também vale a pena dar uma olhada.

Escrita originalmente pelo Morone
Reescrita pelo R. Darci

terça-feira, setembro 15, 2009

Revista Capitu entrevista coletivoACTION


Começo de semana cheia pra Action. Além de domínio próprio, hoje foi lançada a nossa entrevista pela Revista Capitu. Redigida pelo Morone e eu em um dia de pegação intensa, a matéria ficou engraçada e merece uma lida.


Sim, linkamos duas vezes para a mesma matéria. Só pra não ter erro, sacumé.

Mudança de domínio

Pelo prazer dos leitores do blog, atualmente vocês podem nos encontrar em coletivoaction.com. Muito mais fácil e gostosinho, agora o Coletivo tem casa própria. Algumas coisas por enquanto ainda estão migrando pra cá, mas em dois ou três dias tudo vai estar normalizando. Além disso, o blog ainda poderá ser acessado pelo endereço antigo.


segunda-feira, setembro 14, 2009

Samba Soul 70

Depois da mixtape de Brazilian Grooves que fizemos e houve uma boa receptividade, a Action entrou em estado de dedicação quase que plena aos sons tupiniquins.

O que mais estávamos ouvindo era o Samba Soul feito na década de 70. Na época, a música negra americana influenciou muito os músicos brasileiros, e o samba não teve escapatória. Muitos sambistas não curtiram esse papo de botar música de gringo em coisa brasileira e não entraram na onda.

Mesmo assim, houve uma boa leva de músicos que fizeram discos absolutamente lindos influenciados pelo Soul. De coisas mais desconhecidas à coisas que estouraram na época, mas ao longo do tempo caíram em esquecimento.

Aproveitamos essa fase da Action e fizemos uma lista de cinco sons fodidos que abordam essa pegada que o samba teve na década de 70. Parafraseando o Rui: Agora vai, fecha a cortina, dá o play e tira o couro da nega!

Sílvio Cesar - Beco sem saída



O cantor Sílvio Cesar é mais uma daquelas agradáveis surpresas que temos ao pesquisar sons. Sempre rodeado de músicos do naipe de Wilson das Neves e o pessoal do Azymuth, Sílvio Cesar lançou uma razoável quantidade discos ao longo da sua carreira. Na track escolhida, um dos melhores exemplos do que chamamos de Samba Soul.

Cláudia - Garra



A lindíssima cantora Cláudia não poderia estar de fora dessa lista. "Garra" foi composta pelos irmãos Marcos e Paulo Cesar Valle. Letra linda e com batida dançante, a música chegou a ser abertura de novela da Globo na voz dos irmãos. Na versão escolhida não resistimos a beleza e a voz da Cláudia, que possui um dos albums mais emblemáticos do gênero tema dessa lista: Você Cláudia Você.

Marcos Valle - Não tem nada não



Marcos Valle é talvez um dos mais conhecídos dessa lista. Flertou com o Samba, com o Soul, com psicodelia e a Bossa Nova, mas é na sua fase 70's que o cara mostra uma pegada única e que inspira muita gente até hoje. Se eu não estiver viajando feio, até a galera do Drum'n'Bass o sampleou. "Não tem nada não" tem um baixo hipnotizante e uma levada lenta, sem perder o groove. Uma das pérolas de Valle, com certeza.

Sônia Santos - Speed



Esses dias a cantora Sonia Santos reapareu no Jô Soares. Fiquei tão surpreso com sua aparição que cheguei até a twittar. Dona de outro disco extremamente foda da década de 70, "Crioula", a cantora carioca vive até hoje nos EUA fazendo divulgação da cultura brasileira através do que melhor faz: cantar. Um exemplo disso é este samba funkeado composto especialmente pra ela por Jorge Ben, Speed. Pedrada straight from the 70's, com certeza!

Emílio Santiago - Quero alegria



Alguns vão se assustar. Primeiro com o artista escolhido, segundo com a porra do vídeo que acompanha a track. Calma. Emílio Santiago, por um curto período da sua carreira, produziu discos sensacionais. Acho que a culpa dessa fase boa do cara é do pianista João Donato, que enriqueceu demais os discos do Emílio com seu groove diferenciado. Samba, Soul, algumas coisas mais Funkeadas, arranjos impecáveis. Uma pena que ele abandonou essa deliciosa fórmula. "Quero alegria" é a mostra de que não estamos pirados e elogiando trilha sonora de churrascos de família. Ignorem o vídeo que acompanha a música, infelizmente não encontramos um outro link bacana.

quinta-feira, setembro 10, 2009

As roupas de verão

Todas as quintas, o colega Ciro Hamen, do Acento Negativo, escreve crônicas sobre a cidade pra Action. Depois de um período de férias, o cara tá de volta. Hoje, sua décima sétima crônica.

- Atende. Atende. Atende.

Ela atendeu!

Não conseguia mais ficar dentro de casa naquela noite de verão. Precisava sair, fazer alguma coisa. Meu colchão estava ensopado. Não agüentava mais enfiar a cabeça dentro da pia de cinco em cinco minutos. Suava sem parar. Queria respirar, mexer o esqueleto, ar puro para a minha pele. Queria passear com ela. Tinha que passear com ela.

Ela sai do elevador. Cabelo molhado e sorriso no rosto. Sabia que podia contar com ela.

- E aí, vamos pra onde?

Para onde ela quisesse. Tomar aquele famoso lanchinho da meia-noite ou apenas um vento na cara. Não importava. O que importava era estar com ela. Só com ela.

Os prédios dormem no centro comercial da cidade. Vamos trocar o calor pela chuva. Os pingos começam. Deixo que a chuva me molhe. E que molhe as nossas roupas. As nossas roupas de verão.

Um carro passa na rua. Toca aquela música que a gente gostava. Lisztomania, Phoenix. Começo a dançar. Ela segue. A chuva de verão cai sobre a gente e o cheiro da madrugada fica mais intenso. Logo estaremos dormindo. E aquele barulho da chuva vai nos confortar.

A manhã começa a chegar. E com ela os bocejos. O que importava era estar com ela. Só com ela.

- Não esfrie. Eu gosto do seu calor.

Mal podia esperar que o verão chegasse de verdade para ver ela em suas roupas de banho.

Ciro Hamen é jornalista, escreve diariamente sobre cinema no blog www.acentonegativo.blogspot.com e todas as quintas-feiras no Coletivo Action.

quarta-feira, setembro 09, 2009

Boas surpresas de Mayer Hawthorne

Sempre uma boa surpresa do nosso garoto prodígio, o pequeno Mayer Hawthorne. Às vésperas de lançar seu álbum de estréia, ele disponibiliza uma faixa nova. A Love is All Right, uma balada soul um pouco mais uptempo que o resto do material que ele está acostumado a lançar, é um verdeiro petisco pra quem ainda está na dúvida da capacidade do soulman. Seu álbum de debute, A Strange Arrangement, foi lançado oficialmente ontem nos EUA.

Tendo crescido na área de Detroit, ele se acostumou aos grooves do soul e deep funk da região que seu pai fazia questão de botar no carro. Dá pra notar toda essa influência no trabalho dele, que, apesar de abordar um gênero de 40 anos atrás, soa completamente novo. Seu primeiro álbum traz um feeling que não se vê mais atualmente e conta apenas com composições originais, com exceção da cover de Maybe So, Maybe No, do New Holidays. A Strange Arrangement conta com uma edição especial limitada que, além do CD, inclui um vinil 4' com dois singles que não estão no álbum.

Mayer Hawthorne, que não é desconhecido do público da Action, é, atualmente, um dos melhores músicos despontando no cenário internacional. Com uma sonoridade única, faz Soul Music sem precisar plagiar antigos sucessos ou dar uma cara urban à sua música, o que torna seu trabalho algo absolutamente refrescante a ouvidos calejados de tanto R&B aguado. Se influencia por Smokey Robinson e Curtis Mayfield, abomina o rótulo 'retrô' e toca todos os instrumentos nas faixas - o que fez seu chefe na gravadora Stones Throw, Peanut Butter Wolf, desacreditar. Impossível não ter a mesma reação ao ouvi-lo pela primeira vez.

Curtam a track Love is All Right:



R. Darci

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A Action já falou não só do Mayer Hawthorne, como de outros bons lançamentos da Stones Throw, confiram.

sexta-feira, setembro 04, 2009

Baixista do New Order lança coletânea de Acid House

O baixista Peter Hook do New Order está aproveitando seu momento como DJ. A prova disso é a coletânea Haçienda Acid House Classics. O disco celebra os maiores clássicos da faceta britãnica do House, ritmo originário de Chicago e que ganhou o coração dos ingleses do norte nos anos 80.

Com 26 tracks divididas em 2 CDS, destaques para Voodoo Ray do sempre bom A Guy Called Gerald e o mestre do deep house Frankie Knuckles. A seleção ainda conta com producers não tão conhecidos por aqui, mas importantes na cena eletrônica inglesa. Haçienda Acid House Classics busca fazer um tributo aos gloriosos dias do Haçienda, clube símbolo da cultura rave inglesa nos anos 80 e gerido pelos integrantes do New Order e por Tony Wilson da Factory Records.

Segundo Hook,"é o som definitivo do Haçienda e do acid house, trazendo os melhores momentos do ritmo naquela época". A coletânea coincidirá com o lançamento de "How not to run a club", genial título para o livro onde Peter Hook conta sua experiência em gerir o clube juntamente com Wilson e os outros companheiros de banda.

Tanto a coletânea quanto o livro serão lançados no mês de Outubro. Uma ótima notícia para os fãs de Madchester como nós. A cena marcou a volta da cultura rave inglesa, que não tinha um um movimento baseado em um ritmo negro desde os lendários bailes de Northern Soul nos anos 60 e 70.

Confira a tracklist do disco:

CD 1:

1. Man Ray – “Ways Of Making Music”
2. A Guy Called Gerald – “Voodoo Ray” (HAC09 Manray Edit)
3. Hardfloor – “Acperience 1”
4. Frankie Knuckles ft. Jamie Principle – “Baby Wants To Ride”
5. Bassheads – “Is There Anybody Out There?”
6. Fast Eddie – “Acid Thunder” (Fast Eddie Mix)
7. Mr Fingers – “Washing Machine”
8. Phuture – “Rise From Your Grave” (Wake Da Fuck Up Mix)
9. Charles B & Adonis – “Lack Of Love”
10. Maurice – “This Is Acid (Dovsa CD)”
11. Josh Wink – “Higher State Of Consciousness” (Tweakin Acid Funk Mix)

12. Ralphi Rosario – “An Instrumental Need”

13. Mr Lee - “Pump Up London”

CD 2:

1. Man Ray – “We’re On It”
2. Sleezy D– “I’ve Lost Control”
3. Phuture – “Acid Tracks” (Afro Acid Mix)
4. The Party Boy aka Bam Bam – “The Twilight Zone”
5. New Order – “True Dub”
6. Rhythmatic – “Take Me Back”
7. Victor Romeo – “Acid Raid”
8. Last Rhythm – “Last Rhythm”
9. Jack Frost and the Circle Jerks – “Two The Max”
10. Reese & Santonio – “Rock To The Beat”
11. Neal Howard – “Indulge”
12. Phortune – “Jiggerwatts”
13. Esctasy Club – “Jesus Loves The Acid”

quinta-feira, setembro 03, 2009

Fechado

Todas as quintas, o colega Ciro Hamen, do Acento Negativo, escreve crônicas sobre a cidade pra Action. Depois de um período de férias, o cara tá de volta. Hoje, sua décima sexta crônica.

- Querido, eu acho que estou precisando de um novo tênis.

- Ah é? Como você quer?

- Quero um all star branco. Estou cansada das cores dos meus. Quero branco.

- Ah, vamos até a loja perto do shopping que você gosta.

- Pode ser. Eu gosto mesmo daquele lugar. E lá eles sempre têm tudo. Com certeza vai ter o branco.

***

- É aqui, não é?

- É.

- Que porra é essa?

- Ta fechado.

- Como assim, fechado?

- Fechado, ué.

- Tá brincando, né?

- Como brincando?

- Brincando! Leia essa placa pra mim.

- Fe-Cha-Do.

- Que merda é essa?

- Não sei poxa! Ta tudo aberto. Só isso aqui está fechado.

- E agora onde eu vou comprar a porra do tênis?!?

- Não sei. O que você quer que eu faça?

- VAI SE FODER!!

- O que foi? Calma...

- CARALHO!!!

- CARALHO!!!

- Eu odeio meus tênis!!! Eu quero um novo! Por que essa merda não tá aberta???

- Eu não sei! Eu não sei! Mas sempre tá aberta!

- Você é um babaca! Eu te odeio!!

- Eu sou um babaca! Por que eu fui dizer que estava aberta?? Eu não entendo...

- PORRAAA!!!

- É impossível. Eu não acredito nisso... Tem que estar aberta!

- Por que sempre que a gente sai pra fazer algo divertido dá merda???

- Não sei, não sei, não sei....

- Eu te odeio...

***
- Oi. Esqueci de virar a placa. Estamos abertos.


Ciro Hamen é jornalista, escreve diariamente sobre cinema no blog www.acentonegativo.blogspot.com e todas as quintas-feiras no Coletivo Action.

terça-feira, setembro 01, 2009

#47 Santos cidade cosmopolita

Poster Via Flickr da Action

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