segunda-feira, março 30, 2009

A diáspora chinesa e a música jamaicana

Seguinte, há cerca de dois meses, nós temos uma coluna semanal no blog da Agenciau, que nos tem dado uma força bacana em vários aspectos. Ocasionalmente postaremos textos bons de lá, aqui. Aproveitem.

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Ao se falar em reggae, imediatamente as pessoas imaginam aqueles negões com rastas até a bunda cantando sobre sua religião. Quando a Jamaica ainda era uma colônia inglesa, o país recebeu imigrantes chineses até mais ou menos a década de 40. Muitos deles abriram pequenos comércios - como vemos até hoje, inclusive aqui pela cidade, que tem várias pastelarias estranhas.

O que ninguém poderia imaginar é que os chineses acabaram sendo relevantes na cena musical da ilha. O primeiro chinês a se envolver nisso foi Thomas Wong, conhecido como “Tom the great Sebastien”. Wong foi responsável no começo dos anos 50 pela primeira Sound System, cujo repertório era apenas de Blues e Soul, o som preferido dos jamaicanos. Na época, compensava mais contratar um Dj do que que arranjar uma banda inteira pra tocar.

Anos depois, outro descendente de chineses daria o que falar. Byron Lee, recentemente falecido - inclusive a Action fez um texto sobre ele que pode ser encontrado em nosso blog - foi um dos grandes incentivadores do Carnaval jamaicano e líder do “Byron Lee & The Dragonaires”, banda fodida que tocou Ska, Rocksteady, Reggae, e Calypso. Byron foi pioneiro, já que ajudou a tornar o Ska, um som até então apenas música dos guetos jamaicanos, mania nacional e mais tarde internacional. Ele foi um dos responsáveis também pela popularização do Soca, uma espécie de Calypso mais acelerado e que é febre no Caribe inteiro, principalmente em Trinidad & Tobago, considerada até hoje a terra do Soca.

Não podemos deixar de mencionar Leslie Kong, que foi a primeira pessoa que viu futuro em Bob Marley, lançando no começo dos anos 60 duas músicas que acabaram não estourando mas que deram certa visibilidade a Marley. Leslie Kong era apenas dono da Beverly’s, uma bizarra combinação de sorveteria/loja de discos e que fez Kong se interessar cada vez mais pela produção musical. Além de Bob Marley, ele produziu Jimmy Cliff, que na época buscava apoio pra lançar sua primeira canção, “Dearest Beverly”. O chinês topou a parada e ainda fundou seu próprio selo, com o mesmo nome da sorveteria inclusive.


Leslie Kong


Outro mito produzido por Kong foi Desmond Dekker, com o hit “Poor me Israelite”, primeiro single feito na Jamaica a ficar no Top Ten no Reino Unido e América. Vale lembrar também que Kong produziu o The Jamaicans, um grupo de rocksteady responsável pelo sucesso “Ba-Ba Boom” de 1966. O conjunto tinha como membro fundador o sobrinho de Leslie Kong, I Kong, que logo após o fim do grupo embarcou em carreira solo, esta já voltada pro Roots Reggae.

Compacto da Beverley's


Leslie Kong faleceu aos 37 anos de ataque cardíaco, mas algumas lendas dizem que Bunny Wailer (membro do The Wailers) amaldiçoou o cara por ter lançado uma coletânea sem devida permissão. Uma pena, afinal, Leslie Kong era jovem e com certeza tinha um futuro brilhante como produtor.

A presença chinesa é abordada por vários artistas conhecidos na ilha, como o Yellowman, que em uma de suas músicas falava que queria pegar a filha do chinês, genial. Já Prince Buster, com “Black Head China Man” é uma tiração de sarro de Buster com seu amigo Derrick Morgan, que havia copiado um solo de sax produzido por Lester Sterling e enviado para Leslie Kong.

“You done stole my belongings and give to your China man
God in heaven knows
He knows that you are wrong
Are you a China man are you a black man?
It don’t need no eye glass to see that your skin is black
Do you prefer your China man to your fellow blackman?”

Pra encerrar, Byron Lee acompanhado dos Dragonaires tocando “Baby Be True”.


quinta-feira, março 26, 2009

Convite a vocês, amiguinhos


A Action além de manter o blog aqui, também faz parte do Twitter, Flickr e do Orkut. Poderíamos até falar da nossa conta de Youtube, mas a idéia de criá-la foi um FAIL homérico, já que por enquanto não serviu pra muita coisa além de servir de conta "estepe" pra favoritar os vídeos de nossas contas, e mesmo pra isso não damos muita atenção.
Queria aproveitar nessa post e deixar as formas de contato nossas, já que às vezes, nem nós temos saco de procurar nos links ao lado, ou lá no rodapé da página.
Entrem na comunidade do Orkut ou do Flickr, nos sigam no Twitter, ou simplesmentem mande um feedback positivo ou negativo lá no email. O motivo? Falta de atenção de nossas mães. Superego reprimido. Constante necessidade de validação. Faz diferença? Comenta nessa porra.

ORKUT
TWITTER
FLICKR

Aproveitamos o momento para convidar a quem tem a mínima noção de estilo e fineza para contribuir conosco. Sim, seu sonho de trabalhar de graça para um público ínfimo sem qualquer tipo de feedback acaba de se realizar. Se você tem algo a dizer sobre caranguejo, música negra, design e/ou a cidade de Santos, tá dentro. Ou não. Ajuda se você for gostosa ou rico. Estamos fazendo isso por algumas razões simples, como o crescimento natural do coletivo, a necessidade de atualizações mais constantes no nosso meio principal, o blog, e a abertura para gente bacana que tenha algo a dizer. O legal da colaboração é que ninguém fica preso a ninguém, e a gente consegue criar um vínculo maior com quem faz a Action ser o que é, o público.

Bem, a maior parte dessas goes without saying, mas melhor falarmos. Textos politicamente corretos escritos sem qualquer sentimento ou opinião, assuntos cretinos na nossa suprema visão, Dark Art, política partidária, revolta infantil e pseudointelectualismo. Tudo isso é eliminado sem muita discussão. O resto é limado com um pouco mais de feeling.
Mande o seu briefing e uma amostra do trampo, junto com um contato direto como MSN. A menos que seja absolutamente descartável, entraremos em contato.

Contato: coletivoaction@gmail.com

Pra fechar, gostaríamos de dizer que há 2 dias ultrapassamos a marca inédita de mil visitantes mensais, ainda faltando uma semana para terminar. Yay for us.

PS: O Alessandro Atanes da Revista Pausa, escreveu sobre nós lá no PortoGente. Fez uma análise bacana sobre nosso cartazes. Confiram aqui.

sábado, março 21, 2009

#38 Porto de Santos

Poster Via Flickr da Action



sexta-feira, março 20, 2009

Trampos loucos do Network Osaka

Esse post é bem curto, tudo o que eu falar talvez seja inútil, já que o importante é mostrar o trampo desse cara. Assim como a Action, ele acredita em coisas diretas e limpas, com muita forma geométrica e trabalho com tipografia. Só poderia sair coisa boa. Abaixo, uma lista de peças feitas por ele. Porque a gente não fica enchendo o saco com nossos posters, também enchemos o saco com trampos dos outros. Não deixem também de visitar o site do cara!




segunda-feira, março 16, 2009

#37 ESTIVADOR cidade de SANTOS

Poster Via Flickr da Action

sexta-feira, março 13, 2009

Mama Afrika never lets you down #3

O Mama Afrika Never Lets You Down está de volta. Pra quem nunca ouviu falar, foi uma idéia de reunir bons sons pra se curtir no fim de semana. A gente não o fazia há muito tempo, mas atendendo a pedidos dos nossos milhares de fãs caiçaras, ele está de volta. E pra começar:

The Sweet - Reflections

CALMA! Não partimos pro glam ou coisa parecida, o The Sweet está aqui por um simples motivo: Os caras fizeram um cover sensacional da música "Reflections" - uma canção das Supremes dos anos 60 - com uma pegada dançante, mas meio lisérgica do vocalista Brian Connolly. É o soul com aquela pegada do recém nascido glam rock, em 1971! Foda.



Cro Cro - Tell Dem


Depois do sucesso da nossa mixtape de Calypso, mais uma dica de som desse ritmo caribenho. Cro Cro é um calypsonian de Trinidad & Tobago e polêmico pra caralho. O cara já falou mal de descendentes de indianos que moram na ilha e já arrumou algumas tretas nos concursos de calypso de Trinidad & Tobago. Nesse vídeo, o cara canta "Tell Dem" nas finais do "Dimanche Gras Calypso Monarch" e versa em sua defesa sobre o concurso de 2007 em que foi eliminado por ter cantado um som que já havia tocado em outros concursos, trocando apenas de nome. Confira!



Cliff Dawson - I Can Love You Better


O Boogie Funk marcou o começo dos anos 80 como uma nova faceta da música negra. O gênero era um apanhado de influências do espacial P-Funk, da Disco music e levadas de piano chamadas de Boogie. O Boogie Funk serviu como embrião pro Hip Hop e pro Electro. Nessa dançante track, Cliff Dawson fez um puta sucesso em 1982 sendo ritmo obrigatório nas dancefloors.



Jomanda - Make My Body Rock


Essa track da Jomanda é um House que sacudiu todo mundo na industrial Manchester nos anos 80. Além de dançante pra caralho, possui uns batuques afros e um vocal sensual e soulful, não tinha como não estar aqui.




Confira as edições passadas do Mama Afrika aqui:


Edição 1
Edição 2

quarta-feira, março 11, 2009

#36

Poster Via Flickr da Action

segunda-feira, março 09, 2009

Quasimoto x Kid Robot: Toy art muito foda


A gente não fala de toy art faz tempo, mas na real nós temos um motivo: Tá foda de achar coisa realmente legal por aí. Felizmente, acabamos com esse jejum.

A Stones Throw em parceria com a fodida marca de toys Kid Robot lançou há alguns meses um boneco do Quasimoto, um dos alter egos do produtor e rapper(do caralho, por sinal) Madlib.

O Quasimoto ou Lord Quas nasceu a partir de várias fitas demos produzidas pelo Madlib que tinham a voz do cara alterada bizarramente, como se ele tivesse inalado hélio. O dono da Stones Throw sugeriu ao Madlib que ele produzisse mais tracks com esse nickname e a coisa foi rolando, tendo já lançado 2 discos.

Além de rap de boa qualidade usando samples bizarros, o Quasimoto é um bicho bem estranho que foi desenvolvido pelo designer Keith Beats. A idéia era representar as letras da track "Bad Character" contida no disco de estréia, "The Unseen" e parece que deu muito certo.

O Boneco está disponível em duas cores: azul e amarelo - e vem numa belíssima caixa com desenhos do personagem. O kit conta também com um tijolo e um cigarro em miniatura pra serem colocados junto com o Quasimoto, hahaha.
Do caralho ver trampos assim, unindo o lance musical com o toy art, ainda mais quando o projeto é feito por um ilustrador fodido como o Keith Beats.

Abaixo, um vídeo promocional do lançamento com a música citada no texto:


domingo, março 08, 2009

Action presents: Hot, hot, hot gems: Calypso Mixtape from back the day


A primeira mixtape da ACTION. Inspirada fortemente pelo calor sufocantemente forte, são 34 minutos de Calypso, em sua maioria de Trinidad e Tobago - o lugar do verdadeiro. Podemos citar aí uma versão de Dayo do Prince Buster, citado por muitos como criador do Ska, da época de juvena. Também incluímos os dois maiores calypsonians, que são Lord Kitchener e Mighty Sparrow. Sem eles, o Calypso não teria a força que tem. Além disso, temos aí a lindissima Phyllis Dillon, o grandiosissimo Byron Lee e os genuínos Jolly Boys. Como exceção incluímos a track do brasileiro De Savoya, que tem pegada de soca e uma lembrança de rare grooves.

Para ouvir, só clicar no play. Se quiser baixar, selecione a setinha para baixo ali a direita do player!
Hot hot hot gems! Calypso Mixtape from back the day por coletivoACTION

Tracklist:

1 - Prince Buster - Dayo
2 - Ben Bowers & Bertie King's Royal Jamaicans - Not Me (aka Man Smart, Woman Smarter)
3 - Lord Kitchener - Dr. Kitch
4 - Byron Lee & The Dragonaires - Obeah wedding
5 - Phyllis Dillon - Nice time
6 - Mighty Sparrow - Ten to one is murder
7 - Jolly Boys - Take me back to Jamaica
8 - Lord Kitchener - My pussin'
9 - Timothy - Bulldog don't bite me
10 - De Savoya - Mandei buscar

sábado, março 07, 2009

O grande Chico Hamilton

Chico Hamilton é um dos músicos mais interessantes do Jazz. No alto dos seus 87 anos, o americano com nome estranho dá aulas na "New School For Jazz and Contemporary Music", em Nova York, e ainda consegue nesse meio tempo fazer turnês com sua banda de apoio, o Euphoria. O motivo de estar falando dele por aqui é que Chico é um puta baterista. Não digo isso pelo virtuosismo bronha que alguns gostam sempre de ressaltar na música, mas pelo seu feeling nas baquetas.

O cara sempre teve companhias fodas durante a carreira, pra efeito de curiosidade: Charles Mingus, Lester Young, Count Bassie, Nat King Cole, entre outros. A lista é extensa, mas já adianto que ele tocou com quase toda a geração de ouro do Jazz. Hamilton é considerado um dos grandes destaques do West Coast Jazz, gênero desenvolvido em Los Angeles e São Francisco, mas sua fase no Hard Bop e no Soul Jazz são os que realmente mais mostram seu feeling na bateria.

Um dos melhores discos de sua longa carreira, The Dealer, de 66, conta com apoio da sua banda. Dançante, mas não tão porra louca como o Hard Bop, e elegante, acima de tudo.
Ao longo de sua carreira, Chico Hamilton flertou com vários gêneros do Jazz, mas sempre teve um lado mais soulful, mais funky, e isso com certeza é seu diferencial.

Uma pena que tem pouca coisa dele no Youtube, inclusive, a idéia era lancar a música "Strut", com uma pegada mais funkeada dele, que é do caralho, mas deletaram.Pra não deixar essa post sem vídeo, abaixo, um outro som fodido do cara, e que combina total com essa semana: "Calor tá foda" na Action. Confira também o Myspace do Chico, que conta com coisa boa.

segunda-feira, março 02, 2009

Calor #34 graus

Poster Via Flickr da Action

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