terça-feira, junho 30, 2009

A eterna Alice Coltrane

Há cerca de alguns meses nós contribuimos a Agenciau com uma coluna semanal. Existem algumas verdadeiras pérolas por lá e, por isso, e pelo fato de termos preguiça de escrever coisas novas, estamos revivendo as melhores matérias de lá. Algumas já foram postadas aqui, mas daqui pra frente as postaremos todas as terças feiras.
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Certa vez eu fiz um spam em uma comunidade do orkut, era um tópico direcionado para spams diversos. Acabei falando da Action e da proposta do coletivo, da abordagem da música negra que fazíamos, além de outras coisas que rolam por aqui e também são importantes. Foi aí que levantaram uma polêmica: "Música não tem cor". Artistas como Alice Coltrane, que falaremos hoje, nos obrigam, sem punhetagem alguma, continuar insistindo nisso tudo.

Falecida em 2007, a americana de Detroit foi mulher do John Coltrane, um dos grandes mitos do Jazz. O sobrenome importante não deixou sua carreira presa ao marido.

A concepção que Alice deu para sua música é fodida. Ela foi tornando cada vez mais denso e psicodélico o jazz que ela tocava. Pianista e organista de mão cheia e uma das poucas harpistas do mundo do Jazz, sempre esteve ao lado de gente do naipe de Bud Powell e Terry Gibs.

No álbum “Eternity” de 75, conseguiu atingir seu ápice, misturando todas as influências galgadas ao longo da carreira. Do Hinduísmo – em que havia se convertido na década de 70 – aos “negro sprituals”, cantos feitos por escravos americanos e que deram origem ao blues e ao gospel. O disco, aliás, foi o que a consagrou utilizando essa mistura de influências tão distintas, criando um estilo próprio. É lindo e tocante. Sem frescura nenhuma, de verdade.

A Alice Coltrane fez parte de uma geração de artistas de Jazz que piraram em viagens astrais, black consciousness e religiões estranhas. Ou seja, se você procura escutar um som experimental, sem perder o sentimento dos melhores artistas de Soul-Jazz, a bela Alice é um excelente começo.





Confiram os outros textos da nossa coluna na Agenciau:

A diáspora chinesa e a música jamaicana
El Lissitsky, o mito multimídia dos anos 20
Robert Crumb e os Cheap Suit Serenaders

domingo, junho 28, 2009

Azymuth, outro talento brasileiro só conhecido pelos gringos


Uma das bandas brasileiras pouco mencionadas por aqui por um faux pas nosso é o Azymuth. Carioca dos anos 70, se conheceram no Canecão e formaram, inicialmente, o grupo Seleção.

Depois de fazerem vários shows pela noite carioca e conhecer muita gente, acabaram sendo convidados para compor a trilha de um dos filmes mais alternativos do cinema tupiniquim: O Fabuloso Fittipaldi. Entre as canções, havia uma com o nome de Azymuth. Pronto, o novo nome da banda tava escolhido. Aliás, Azymuth havia sido composta por Marcos Valle e Paulo Sérgio Vale, outros mitos na música brasileira.

A mistura fodida de samba, jazz, funk e boogie era elegante pra cacete, unindo as melhores produções da bossa nova e da música negra americana. O som era requintado, cosmopolita e agradou o povão, tanto que o "Linha do Horizonte" estourou em 76, sendo até trilha sonora de novela.

O Brasil estava pequeno pros caras, haviam emplacado vários sucessos na década de 70, aproveitando também toda a fase black que o país vivia. O som já não era mais admirado só por aqui, tocando desde os mais inóspitos clubes do norte da Inglaterra até os EUA, onde foi o destino deles na década seguinte.

O Azymuth conseguiu com esse reconhecimento atingir várias marcas fodas, como ser o primeiro conjunto do país a tocar no famoso Festival de Montreaux e colocar um album nas paradas de sucesso Londrinas por várias semanas, tendo até sido citado no Guiness. Do cacete, principalmente se formos pensar o quão exigente o público ingles era, ainda mais com música negra.

Daí pra frente, o grupo emplacou de vez, fez várias tours pelos EUA, tocou em mais festivais e conseguiu ganhar o status de banda brasileira mais cultuada pela gringa. Aliás, esse culto é tremendo, em várias lojas online e´possível encontrar discos e compactos da banda, coisa que aqui no Brasil é uma tarefa de poucos.

Seus membros tem feito várias parcerias interessantes. Só pra citar uma delas: O baterista Ivan "Mamão" Conti gravou um disco em parceria com o produtor e rapper Madlib, o "Sujinho", uma homenagem do cara a um dos ídolos dele.

O grupo ainda está na ativa, com Zé Roberto Bertrami, Mamão e Alex Malheiros e vem lançando discos num ritmo que poucas bandas conseguem, mantendo a pegada original sem cair na mesmice. O albúm lançado no ano passado foi eleito um dos melhores do ano por muitas revistas e sites, o que mostra o poderio dos mestres do groove nacional.

Myspace da Banda


sexta-feira, junho 26, 2009

Action presents: Chega Mais! Mixtape Brazilian Grooves das antigas

Chega Mais! Mixtape Brazilian Grooves das Antigas. Auto explicativo pra caralho, é isso mesmo: uma seleções de músicas fodidas daqui da Terrinha. Apesar do nome em inglês e termos dado ênfase em tracks que tenham uma pegada soul funk, é autenticamente brasileira.

Damos a vocês, amiguinhos, a chance de reclamar agora. Abram a caixa de comentários, levem seus bracinhos esquálidos ao ar em plena fúria e digam como Cachorro Grande é mó legal e que massa mesmo é rock de corno, cover de Elis Regina ou adolescentes magras. Digam com toda a força de seus corpinhos pequenos e mirrados o quanto música brasileira é brega e ruim. Depois que as veias de suas testas voltarem ao normal, deem o play.

Infelizmente você não vai encontrar nenhuma loira falando de balada, nenhum cara tentando trazer o 'sexy de volta' e nem sequer um garoto milionário nos dizendo como a vida é difícil. Contudo, garanto procês, o que fazia o quadril da tua mãe balançar continua tendo o mesmo efeito nos teus.
Não que a loira não tenha graça, mas quem rebola mesmo é a kriola.
Agora, Chega mais!


Para ouvir, só clicar no play. Se quiser baixar, selecione a setinha para baixo ali a direita do player!
Chega Mais! Mixtape - Brazilian grooves das antigas por coletivoACTION

Tracklist:

01 - Eduardo Araújo - Vamos recomeçar (Come back baby)
02 - Eliana Pittman - Bezouro Mangangaba
03 - Ivan Lins - Próxima atração
04 - Arthur Verocai - Presente Grego
05 - Raulzinho - Spinning wheel
06 - Wilson Simonal - Tributo a Martin Luther King
07 - Claudette Soares - O Cravo brigou com a Rosa
08 - Cassiano - Onda
09 - Emilio Santiago - Bananeira
Bonus Track: Os Originais do Samba - Você Esqueceu

Caso queira ouvir outra coisa, aproveite as nossas duas primeiras mixtapes:

Calypso Hot! Hot! Hot! Gems from back the day.
Boogie Funk: A trip to the funky madness

Rui Costa

Dissidência Yanni

Tudo que é bom é inesperado. Acontece que a Action ganhou um colaborador novo. Fã de The The e grande mentiroso, vos apresento a coluna de Leonardo Marques. Toda sexta-feira na Action. Hoje, a quinta edição:

“Certas bandas deviam ter morrido nos anos 90. Por exemplo, o Weezer. O Weezer é tão anos 90”, diz um paspalho que está sentado à mesa ao lado da minha, num bar meio indie, meio garotas de classe-média adeptas do visual e das atitudes da Tropicália, meio garotinhos barulhentos de mochilinhas nas costas pincelados pelo rímel da mamãe, meio gordinhos solitários de camiseta pólo listrada que não comem nada vivo e que geme de voz fina, meio scream emo’s, meio gritinhos agudos, meio gritinhos graves, um grita, outro canta, a guitarra oitava, eu peido e silencio, o garotinho oferece uma rosa por um real, “que cheiro podre é esse?, será que é da cozinha?”, um cara oferece um ursinho perfumado, “já conhece o trabalho?”, “já!”, ele vai embora, “dvd, dvd, dvd, PIRATA!”, “dvd, dvd, dvd, PIRATA!”, o ambulante anuncia, a sirene de uma ambulância ressoa, alguém assoa o nariz e catarra o x-salada, a crentaiada ri, “Calypsooollll” ribomba a 120 por hora num filmadão com farol xenon, a hora passa, Altas Horas começa, “A Xuxa na T.V!”, exclama o passado da garota neo-hippie que, segundos atrás, discutia (tava mais para um seminário) a atuação do Benício Del Toro no filme “Che”. “Atchim.” A descarga quebra. A merda bóia. O espirro cospe o verde a meio metro do meu pé e o idiota acrescenta: “Tão anos 90, cara”. Projeto mentalmente o que seria a opinião dele sobre os Sex Pistols: “Muito 70, meu, muita tachinha, casaco de couro, coturno, coleira, muito Londres, muita Anarquia, punk demais pra mim”. Projeto por meio do meu intelecto o que ele diria sobre Bob Dylan: “Tão 60, América, Guerra do Vietnã, rancho e cidade, chapéu de coro amassado, capim demais, feno rolando, boi, muuu, gaita de boca, poesia beat, sexo livre, maconha no talo, revolta, paz, ai, so out, tô fora”. Chego à conclusão que é por essas e outras como muitas outras pessoas como essa que um tipo como Babe, Terror consegue fazer shows em Berlim e ser respeitado mesmo com o rótulo (quem rotula, anula, diria o sábio (eu) que jura que de fruta só come buceta) ‘No age’ ou ‘Temperature’.

“O que será que deve ser, hein? Tipo uma Enya que diz não?”

“Pode ser, mas não deve ser um não peremptório, tipo NÃÃÃO!, tá ligado. Provavelmente é um não mais lombradão, sonolento, um não que o Dalai Lama daria: ‘Nãããããããããããããoooooouuuuuuuuuuuuuuummmmmmm’, ‘nããããããooooooooouuuuuuummmmmmm’, sacou?”

“Um Nãããããããoooooooouuuuuuuuuummmmmmm Wave?”

“Por aí, acho que sim.”

“1x1 igual a uuuuuuuuuummmmmmmmm...”

“Hahahahahaha, captou o espírito da coisa.”

“E esse tal de Temperature?”

“Deve ter algo a ver com o clima.”

“O som que rola na sauna.”

“Rola som na sauna?”

“Sei lá, brother, nunca fui.”

“Ele deve fazer parte da dissidência new age.”

“Saquei, uma espécie de fusão de Noah Chomsky com Yanni.”

“Por aí, Yanni Chomsky.”

“O new age defende o quê?”

“Uma nova era, hippies saudáveis que não se drogam e ainda fomentam o espírito natalino em cada cidadão que convive consigo.”

“Era uma vez um pato cego...”

“Não esse tipo de era, caralho! Mas se fosse esse tipo de ‘era’, seria algo como ‘Não era uma vez um pato broxa...’ Pescou?”

“O quê, peixe?”

“Quê?”

Pés sujos adensam a sujeira da superfície imunda do bar que pela manhã é padaria, à tarde é pedraria e jogo do bicho, à noite um arremedo de calvário, clube magic, o filme que você curte eu não curto, ele fode melhor ligado na anfeta, semana que vem tem rave em Caruara não chama aquele cara de pau grande porque ele me machucou muito na outra vez, cê viu o Brito Júnior dançando na Record ontem?, montei uma banda sem guitarra sem baixo sem bateria sem integrantes (sem vírgula) quer embarcar comigo nessa jornada?, “Spinal Tap é muito anos 80 querendo parecer anos 70, muito cabelos grandes com franjas curtas, muita roupa colorida, muito humor inglês, muito sarcasmo, muita ironia, nonsense, que tédio mais anacrônico”. A loira peituda e morena dissimulada espraia sua protuberância por meio do decote escancarado e recebe o desagrado já deliberado por ela, por isso ela faz teatro, ignora Bertolt Brecht, “quem é Beckett?”, e se inscreveu, lamentavelmente dessa vez não aconteceu, “faltou um boquete documentado em digital oriunda das férias de Miami em que dei o calote?”, do Big Brother Brasil:

“Nossa, que peitão”.

“Mas o que é isso, seu grosso, que jeito idiota de tratar uma mulher!”

“Por que tu anda com esses peitão levantado neste puta (apontando com o mesmo indicador que serve de talher para a degustação nasal) arromba decote?”

“Para me sentir bonita, para me sentir bem, eu não me visto para os outros, eu me visto para mim mesma!”

“Então por que não fica em casa vestida deste jeito? Não sai, fica olhando para o espelho, olhe para o seu decote, olhe para os seus peitos, e diga: ‘Nossa, como eu me sinto bem comigo mesma, eu não preciso sair por aí para que ninguém fique me elogiando, já decidi, próxima vez que eu for para a balada, vou de túnica!’”

“The Clash é muito segunda metade da década de 70, muito rock militante, boininha, uniforme camuflado, revolução, amálgama sonoro, união de raças, branco tocando dub, futebol, cerveja de pub, grito de guerra, início dos anos 80, disco, invasão britânica em New York, ahhhh, que coisa horrível!” A crítica exige que os artistas se renovem continuamente. Os artistas subjugados pela crítica desconhecem que a inovação, impreterivelmente, jamais será deliberada, portanto, sobretudo por essa falta de sensibilidade, ou melhor, de vergonha na cara e auto-suficiência, imergem em iniciativas que até crianças mongolóides seriam capazes de fazer melhor. Por que a crítica não se renova? Crítica em forma de arte. (Nas próximas semanas mergulharei a fundo – até onde os meus pés podem alcançar – nesse assunto.)

O tempo escoa enquanto o balconista côa o leite do bêbado descarnado do futuro idílico. Barriga cheia, quem sobrou no lugar só pode ser alcoólatra, momento propício pra pulverizar a vontade de “ficar só mais um pouco, a saideira, vai, mais uminha, caralho, amanhã é domingo, ninguém trabalha, todo mundo pode acordar tarde”. Alguém diz ouvir, ao longe, a canção do galo que serve de arauto para a chegada de mais um amanhecer: “Deixe eu anotar aqui no meu caderno – vinte e cinco anos, dois meses e três dias de existência, vivo, vivo igual a uma ameba perdida incrustada num corpo de elefante”. “Nossa, esse negócio de galo é muito cidade do interior, muito criação de galinha, muito ovos frescos, muito leite tirado da vaca, muito sexo com cabra, sô, porrrrta, merrrrda, vó alegre, o melhor céu estrelado da minha vida, solta os labradores porque aqui não há estorvos, dormir às 23:00, acordar às 6:00, com a canção do arauto da chegada de mais um dia, o galo filho da puta, mas que bosta!”

por Leonardo Marques

quinta-feira, junho 25, 2009

Namorado feio

Daqui pra frente, todas as quintas, o colega Ciro Hamen, do Acento Negativo, escreverá crônicas sobre a cidade pra Action. Hoje, sua décima primeira crônica.

Duas meninas cruzavam a principal avenida da cidade. Bêbadas, gritavam qualquer coisa. Apenas “Ahhhh!”. Dançavam, rodavam, balançavam os cabelos e celebravam a alegria de viver.

Era noite de dia dos namorados. Casaizinhos passeavam, enchiam os cinemas, os restaurantes e os motéis da cidade. Essa data só existia para isso mesmo.

Dois casais passaram e uma das garotas, abraçada com o namorado, comentou:

- Olha aí. Não tem namorado dá nisso. Fica gritando na rua.

O namorado deu uma risadinha.

As meninas que dançavam, gritavam e balançavam os cabelos pararam por um instante. Irritada com o comentário, uma delas gritou:

- Prefiro não ter namorado do que ter um feio desse.

- O quê? – A menininha, ofendida, perguntou.

- Prefiro não ter namorado do que ter um feio desse.

- Meu Deus. Elas estão bêbadas – a garota disse para o namorado. – Vamos embora.

Os casais continuaram na sua direção e as meninas continuaram na delas.

- Tem gente que não entende que algumas pessoas preferem não ter ninguém. E antes não ter ninguém do que aqueles babacas que estavam com elas.

- É verdade.

As duas continuaram dançando, bebendo, rindo e gritando durante a noite e a madrugada inteira.

Os casais foram jantar e depois para o motel. Gastaram R$ 400,00 e mal conseguiram fazer alguma coisa, já que as meninas pegaram no sono depois de cinco minutos.

Ciro Hamen é jornalista, escreve diariamente sobre cinema no blog www.acentonegativo.blogspot.com e todas as quintas-feiras no Coletivo Action.

domingo, junho 21, 2009

Volta do limbo, notícias e as delícias da Meca Santista

Após este mês bronha - obviamente excluindo disto a nova coluna do Leonardo, as postagens do Ciro e os Mama Afrika, voltaremos a um ritmo bacana de postagens sobre os assuntos do Blog: Música negra, gonzo e design, além das formas geometricas. O que impedia o movimento antigo de material por aqui, que era a mudança do Rui e as novas empreitadas do Morone, chegaram ao fim.

Engatilhados temos a próxima mixtape e uma caralhada de matérias cretinas que sabemos que vocês adoram.
Beijos.

Razão de nosso hiato

sexta-feira, junho 19, 2009

A Praia (a minha, não a do Alex Garland, muito menos a do Ian Mcewan)

Tudo que é bom é inesperado. Acontece que a Action ganhou um colaborador novo. Fã de The The e grande mentiroso, vos apresento a coluna de Leonardo Marques. Toda sexta-feira na Action. Hoje, a quarta edição:

Acordar. Trocar de cama. Beijinhos e abraços matinais. O que era fofinho vira sacanagem. Não gosto quando acaba a sacanagem, quero mais, sou tarado. Minha namorada toma banho. Eu tento invadir o banheiro. Ela trancou a porta. Ela sai enrolada na toalha. Arremeto sobre ela. Ela foge e diz que talvez ela precise cortar o meu pinto. Me sinto o Michael Douglas. Vou para o banho. Saio do banho direto para a privada. Escorrego o moreno. Ou os morenos. Me troco. Ela já tá trocada mas não tá pronta. Escova no cabelo e liga o secador e arruma a franja: “Nossa, minha franja está horrível.” O cabelo dela é lindo. A cor, o comprimento, a forma como ele realça todo o rosto dela e ela faz questão de criticá-lo todo o santo dia. Será que a Jennifer Connelly não gosta da cor dos seus olhos? Será que a Scarlett Johansson está pensando seriamente em diminuir o tamanho daquelas enormes e suculentas tetas? (Que vulgar, tetas, não é? Sou um príncipe, não posso dizer uma coisa dessas.) Então ela vai ao refeitório e eu a acompanho só para fazer companhia mesmo. Ela pega mamão e suco de caju e faz um sanduíche de presunto com queijo e pega leite e coloca três colheres de Nescau e mexe a colher dentro da caneca e o barulho é tlec tlec tlec... Levantamos, vamos até o quarto e fuço dentro da minha mochila e arranco lá de dentro um pacote de bolacha recheada de chocolate Passatempo e abro o frigobar e pego uma Coca Ligth e digo como sempre digo e direi enquanto tiver saúde para expressar exaustivamente essa frase sem graça: “É o café dos campeões!”. Saímos do quarto, está um puta sol e desde que chegamos aqui não choveu e parece que não irá chover tão cedo. Vamos para o centro, à cidade, ao encontro do povo. Depois do primeiro dia, no qual voltamos a pé para a pousada, excluímos da nossa atividade atlética o único e solitário quesito: caminhar. Vamos de carro. Além de mais rápido, ainda podemos cantar “I Am The Walrus” inteira e metade de “Penny Lane” ou “Penny Lane” inteira e metade de “A Day In The Life” ou “A Day In The Life” inteira e metade do som dos pássaros e dos carros ou das pessoas porque a minha namorada já cansou de tanto “I Am The Walrus” e “Penny Lane” e “A Day In The Life”.


Estaciono sempre no mesmo lugar, em frente à praia feia, não, o nome da praia não é praia feia, é que ela é feia mesmo, toda praia é um inferno, o inferno é a praia, quer coisa mais repugnante do que ficar sob um sol de quarenta graus e se queimar todo e um bando de vendedores gritando no seu ouvido e batendo a porra da merda daquele arame na tábua e aí você se suja todo de areia e vai ao mar e o sal existente na água salga toda a pele e tira todo o gosmento protetor solar e ainda imerso na água você imagina o trabalho que dará ter que passar a merda daquele protetor solar novamente e você sai da água e a sua namorada ou a sua mãe - depende com quem você vai à praia - besunta aquela porcaria industrializada que provavelmente deve ser mais nociva do que o próprio sol e passa nas suas costas e no seu rosto e no peito e no braço e você permanece molhado e aquilo começa a grudar na pele e depois lembram de ter esquecido a toalha em casa ou no hotel ou na pousada ou no camping – depende se você mora na praia, não dentro, mas perto; depende da classe social que você faz parte, ou do seu estilo de vida, às vezes você é rico, mas se rebelou contra o sistema e gosta de acampar e curtir a natureza e parar de tomar banho e parar de lavar o rabo ou deixar mãos peludas alheias lavarem o seu rabo – e você está todo encharcado daquela água nojenta cheia de fezes e musgo e sangue de peixes mortos e urina podre e o sol inclemente bate nas costas e o protetor solar é quinze porque a sua namorada ou mãe ou amiga ou amante ou namorado – desculpa, mas não sei bem quem está lendo este texto – não é altruísta o bastante e nem suficientemente inteligente para intuir que você não é nada brasileiro, principalmente de espírito, e parece mais um urso polar manso porém mal-humorado, às vezes brincalhão, sobretudo quando está tomando uma cerveja em um local fechado e frio, e precisa de um protetor solar número trinta, quarenta, cinqüenta mil, e você sabe que a imaginação é inimiga da perfeição e quando está tudo mais que perfeito é que a imaginação está mentindo pra você, e então você começa a imaginar a insônia que você terá devido à ardência insuportável que as suas costas – parecem chamas, parecem chamas, fogo!, fogo!, fogo! -, os seus braços, o seu rosto, todo todo todo o seu corpo irá sofrer depois de passar algumas horas sendo tostado pelo sol e para cagar um pouco mais a situação a sua namorada ou a sua mãe ou o seu amante ou o seu amigo, colorido ou não, ou a sua avó ou o seu irmão ou o seu dinossauro o informa que, embora a praia esteja linda, a vida é bela, as crianças já dizem mamãe, o vovô já se curou da hemorróida, esquecemos de trazer à praia o guarda-sol e tá tanto calor, tanto calor, você pensa até em morrer, começa a sentir saudades do Alaska para o qual você nunca foi, começa a xingar o Brasil por ser um país tropical e calorento e chega à inevitável e infeliz conclusão de que você precisa entrar mais uma vez no mar para se refrescar só um pouquinho, porque nesse calor não dá, não dá mesmo, não dá pra respirar, sorrir, viver... E você sai correndo que nem uma gazela bicolor e cai de barriga na água e mete a boca sem querer em um pedaço de fezes extirpado do ânus de uma criança cheia de brotoejas e você brada em direção aos céus, urra em direção ao sol da mesma forma que urra o lobo em direção à lua cheia, e o sal de novo está impregnado no seu corpo e o calor piora vertiginosamente e o sol queima e queima, “não, não precisa acender o cigarro no isqueiro, pode acender nas minhas costas, caralho!”, e você não quer mais protetor solar, não quer mais praia, não quer ver mais gostosas de biquíni sorridentes, pessoas despencando do banana-boat, vendedores gritando, vendedores vestidos de Pokemon naquele puta calor, “Deus, como será que eles conseguem”, não quer mais cerveja, tira esse limão daqui, não tem guarda sol, não tem guarda sol, eu não posso, não, eu não posso deitar na areia, mas deita, deita molhado para fuder com tudo e principalmente com você, e a água gruda na areia que gruda na água que vira lama que entra em contato com o sol e com a pele e com a bunda e você já se transformou em um bife à milanesa e está empanado e se encontra pronto para morrer!

por Leonardo Marques

sábado, junho 13, 2009

#43

Poster Via Flickr da Action

sexta-feira, junho 12, 2009

Mama Afrika never lets you down #5

E o Mama Afrika never lets you down volta em sua 5ª edição, dessa vez especial para homenagear todos os apaixonados nesse dia dos namorados. Pra quem nunca ouviu falar, o quadro foi uma idéia de reunir bons sons pra se curtir no fim de semana. Ta aí a edição 5!

The Velvelettes - Let Love Live

Pra começar com o pé direito, essa track de um dos girl groups mais legais da Motown: Velvelettes. O grupo foi criado em 1961 pela Bertha Barbee e a Mildred Gill, que na época eram companheiras de Universidade.
Elas emplacaram alguns singles como "Needle In A Haystack" e "He Was Really Sayin' Something", produzidas pelo Norman Whitfield.
O grupo durou até 1970 e deixou tracks sensacionais, com um peso semelhante ao da Martha & The Vandellas. Digo isso porque 90% dos girl grups fazia um pop açucaradíssimo, e tanto as Velvelettes como as Vandellas conseguiram misturar isso com verdadeiras pedradas de Soul, como essa que escolhi para hoje: Let Love Live, pra sair pela sala dançando com sua nêga nesse dia dos namorados!



Maria Taylor - I Love You

Essa é pra ficar debaixo das cobertas e ficar de boa em casa com a namorada: Maria Taylor - I Love You. Lovers rock de primeira dessa doce cantora inglesa.



Smokey Robinson & The Miracles - Baby Baby Don't Cry

O mito. Smokey Robinson é o cara, o rei do "Quiet Storm". Nessa track de 68, uma história de amor com um fim triste. Saquem só início da letra:

"Nothing so blue as a heart in pain
Nothing so sad as a tear in vain
Let him walk on out if he wants to
He really doesn't deserve you
His loss is our gain so don't be blue"

Não pretendo falar mais nada. Ouçam e pirem, lindo!



Erykah Badu- Back in the day

Quem não curte a Erikah Badu? Lindíssima, canta pra caralho e combina demais nessa setlist pro dia dos namorados. Acho que nunca mencionamos ela na Action, mas sim, curtimos e idolatramos ela! E a track escolhida, "Back In The Day", é fuck music total com certeza, hahahaha.



Miguel de Deus - Fabrica de Papéis

O Miguel de Deus morreu há alguns anos e foi um dos grandes cantores de soul no Brasil. O amigo Roberto Iwai há algum tempo escreveu uma matéria sensacional sobre a carreira do cara, e que vale a leitura.
O baiano de Ilhéus além de ter tocado no grupo "Os Brazões" e no "Assim Assado", fez um dos discos mais fodas de toda soul music brasileira: Black Soul Brothers.
E é desse disco que temos a última track desse Mama Afrika especial dia dos namorados, "Fabrica de Papéis", um soul com lindos arranjos, quase psicodélicos, e com um Miguel de Deus praticamente versando sobre a melodia. Maravilhoso!


Um feliz dia dos namorados pros leitores da Action!

Confira as edições passadas do Mama Afrika aqui:

Edição 1
Edição 2
Edição 3
Edição 4

quinta-feira, junho 11, 2009

Luciana passou dos limites

Daqui pra frente, todas as quintas, o colega Ciro Hamen, do Acento Negativo, escreverá crônicas sobre a cidade pra Action. Hoje, sua décima crônica.

Luciana passou dos limites. Tentei dar várias chances para ela, mas não adiantou. No começo estava tudo bem. Parecia uma pessoa legal e bem tranqüila. Mas com o tempo o “bem tranqüila” se tornou irresponsável e negligente.

Vou explicar: Moramos juntas no mesmo apartamento em Curitiba, cidade que escolhemos para fazer faculdade. Para uma carioca, como ela, talvez o frio curitibano não tenha feito muito bem. Não sei. Mas o fato é que as coisas não andavam muito bem na nossa casa.

Nunca liguei muito para o fato de ela não ajudar na limpeza do espaço. Eu chegava tarde da noite em casa, pegava a vassoura, o espanador, o bom-ar e mandava ver. Não me importava. De verdade. Ela podia dar quantas festas quisesse, chamar quantas pessoas ela desejasse, que eu não estava nem aí. Contanto que não mexessem ou quebrassem as minhas coisas eu não tinha motivos para reclamar. Admito: Quatro das minhas oito taças de vinho se foram, mas enquanto os meus discos do Sigur Rós, do Neutral Milk Hotel e do Godspeed You! Black Emperor estiverem no lugar está tudo ok.

Pegava os seus livros e CDs do chão, colocava os sapatos no lugar, lavava a louça e jogava as roupas sujas no tanque. Não me dava trabalho e ajudava a passar o tempo naquela cidade que escolhemos morar – e onde, por força das coincidências, nos conhecemos. Acredito que qualquer outra pessoa ficaria incomodada ao ver a sua colega de quarto deitada na rede o dia inteiro, lendo Jung, enquanto você tem que esvaziar cinzeiros, colocar sacos cheios de latinhas vazias pra fora e desentupir a privada. Mas eu não.

Falando desse jeito, devo parecer a pessoa mais paciente do mundo. Mas não sou. E tudo chegou em um ponto no qual olhar para a cara dela me dá náuseas.

Tudo começou em uma sexta-feira chuvosa. Cheguei em casa por volta das cinco horas e ela estava, como sempre, deitada na rede com o livro do Jung nas mãos. Estava escuro por causa do temporal lá fora.

- Namastê – ela disse. Isso significa “oi” em hindu e ela dizia toda vez que eu chegava em casa.

- Por que não acende a luz? – perguntei inocentemente.

Ela deu de ombros.

Apertei o botão do interruptor mas a luz não veio.

- O que aconteceu? Queimou?

- Não sei – ela falou.

- Como você consegue ler no escuro? Por que não vai para o quarto?

Mais uma vez ela me ignorou. Fui para o quarto tirar a roupa, mas quando tentei ligar a luz, novamente não consegui.

Sem pensar duas vezes, corri para a sala.

- Que porra aconteceu aqui? – gritei.

- Do que você está falando?

- Não tem luz nessa casa!

- Não sei. Não sei o que houve...

- Que caralho, viu! – e comecei a tentar ligar tudo o que estava a minha volta: a tevê, o som, o liquidificador, e nada.

- Porra, Luciana, você pagou a conta de luz?!

- Não paguei este mês. Não tinha dinheiro.

- Meu Deus...

Sentei no chão e coloquei as mãos no rosto. Não acreditava naquilo. Ela não tinha pagado a conta. Nosso trato era o seguinte: cada mês uma de nós pagava a conta. Mas este mês ela simplesmente não tinha feito isso. Precisava usar a tevê e o DVD para assistir a um filme naquela noite, mas agora não ia poder por causa desse “lapso” da minha amiga.

- Por que você não pagou?

- Já falei. Não tinha dinheiro.

- Luciana, você deu três festas esta semana com cerveja e cigarros por sua conta. E você não tinha dinheiro?

- Acontece...

- Como “acontece”? Esse era o nosso trato. Esqueceu? Cada uma pagava um mês.

Minha vontade era a de chorar. Mas eu era mais forte do que isso. Queria pisar na cara dela.Virar aquela rede idiota e rasgar aquele livro do Jung.

Não suportava mais toda aquela bobagem hippie. Luciana era uma menina loira e gordinha, que vivia lendo Jung por causa de sua ex-namorada. Sim, além de tudo era lésbica. Sinceramente, não conseguia entender como alguma garota podia ser lésbica. Passar a vida inteira sem um pau não dava. Eu precisava de sexo. Adorava aquela porra espirrando, jorrando na minha cara quase todos os dias – ou pelo menos nos fins-de-semana.

Enfim, essa leitura toda de Carl Jung era para impressionar a garota, que fazia psicologia no Rio, e que Luciana não conseguia esquecer. Queria parecer culta e ter assunto para conversar com ela. Mas não bastasse isso, adorava essas mulheres – lésbicas ou não - da MPB: Adriana Calcanhotto, Ana Carolina, Maria Bethânia, Elis Regina.

Fui dormir cedo naquele dia – afinal, não tinha luz –, pensando em maneiras de matá-la. Tinha ficado realmente puta com a história da luz e ainda mais com o seu cinismo ao falar com a maior cara-de-pau que “não pagou”. Que filha da puta.

No dia seguinte, contei a história para um amigo da faculdade.

- Ela não trepa? – ele perguntou.

- Não.

- Tipo o Morrissey?

- Não. Pior que o Morrissey. Porque ela gostaria de trepar.

- Hahaha.

A sorte é que no dia seguinte eu voltaria para São Paulo. Ficaria por lá uns dias de férias e poderia esquecer essa história. Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu. Quase um mês depois do ocorrido, liguei para ela.

- Luciana, você pagou o aluguel desse mês?

- Então, eu estive meio ocupada, pois a Nina (namorada dela) veio me visitar e não pude fazer algumas coisas.

- Luciana. Você pagou o aluguel ou não?

- Clack.

Desliguei o telefone na cara dela. Agora estava determinada a matá-la. Nunca me considerei uma pessoa muito violenta. Talvez explosiva. Mas violenta não. Porém, agora queria ver ela despedaçada, estraçalhada.

Também não sou uma capitalista idiota. Não ligava para o dinheiro. Fiquei realmente puta pela maneira como ela tratou a situação. Aquele apartamento era importante para mim e sem ele não teria onde ficar em Curitiba. Quem ela pensava que era para fazer esse tipo de merda?

Peguei um ônibus para Curitiba. Precisava resolver aquilo o quanto antes, afinal poderia ser despejada caso não pagasse a conta.

Eram sete da manhã quando bati na porta. Acho que ela não esperava pela minha “visita” tão cedo.

- Namastê.

- O que aconteceu aqui? – perguntei, enquanto empurrava ela e entrava no apartamento devastado.

Latas de cerveja, bitucas de cigarro e cacos de vidro estavam espalhados por toda a parte. A bagunça estava fora de controle.

- Recebi umas pessoas ontem – ela disse, ainda tentando acordar.

- Que pessoas, porra? Você e aquela puta da sua namorada ficam no apartamento que eu pago fazendo a festa, enquanto a trouxa aqui fica estudando fora.

- Que trouxa? Você fica aí trepando com todo mundo e diz que está estudando.

- Trepo com quem eu quiser. Melhor do que você que fica aí sem dar esse cu nojento.

Entrei no meu quarto para ver se estava tudo em ordem. Livros da Simone de Beauvoir e do Milan Kundera? Na prateleira. Sapatos coloridos e bolsas? No armário. Discos da Joni Mitchell? Em cima do som. Discos do Godspeed you! Black Emperor, do Neutral Milk Hotel e do Sigur Rós? No chão... No chão?

\Com cuidado, peguei as minhas preciosidades e vi as caixinhas arrebentadas, os encartes parcialmente rasgados e amassados e a parte de baixo dos CDs riscada. Coloquei o disco do Neutral Milk no som para me certificar e tudo o que ouvi foram os primeiros acordes de “In The Aeroplane Over the Sea”. Depois, aqueles segundos iniciais da música foram tocados repetidamente e sem parar.

- Ahhhhh!

Peguei uma das latinhas arrebentadas no chão com tanta força que me rasgou o dedo. Comecei a sangrar.

- Está vendo isso, sua idiota? É tudo culpa sua! – e esfreguei o dedo com sangue na cara dela.

- Meu Deus! Calma!

- Que calma o caralho! Você detonou os meus discos e quer que eu tenha calma?

- Pelo amor de deus... Eu compro outros pra você!

Empurrei ela no chão e caí por cima dela, prendendo ela com um dos braços. Com a mão livre peguei a latinha novamente e a dividi em dois pedaços.

- O que você está fazendo? – ela perguntou, aterrorizada.

Sem pensar duas vezes, cortei a garganta dela com um dos pedaços da latinha. A idiota ainda tentou agarrar os meus cabelos com os bracinhos que se moviam de maneira desesperada.

- Você queria tomar cerveja, é? – perguntei.

Levantei e fui até a cozinha. Peguei uma garrafa de cerveja choca e joguei alguns restos de cigarro que estavam na pia dentro dela.

- Queria cerveja, é? Toma!

Ela tentava manter a boca fechada inutilmente. O corte na garganta sangrava cada vez mais e eu despejava o conteúdo da garrafa goela abaixo. Aquela merda de cerveja com cinzas de cigarro caia para fora e se misturava com o sangue do pescoço. Sua cara estava imunda. Não querendo mais olhar para aquilo, peguei alguns pedaços das minhas queridas tacinhas que estavam pelo chão e enfiei no seu olho esquerdo. Matei ela. Eu tinha feito. Aquilo que eu tinha imaginado se tornara realidade.

Nunca a tinha visto tão bonita. A imagem daquele corpo ensangüentando e imundo no tapete parecia uma pintura. E o cheio de cerveja, cigarro e sangue era delicioso.

Peguei o livro do Jung do chão, me deitei na rede e comecei a ler. Dormi.

Ciro Hamen é jornalista, escreve diariamente sobre cinema no blog www.acentonegativo.blogspot.com e todas as quintas-feiras no Coletivo Action.

quarta-feira, junho 10, 2009

Solar Radio: Solução pros dias chatos

Pra quem passa a maior parte do tempo fora do pc de casa e não tem como baixar música, existe uma solução: Solar Radio.

A melhor descoberta dos últimos meses, com certeza. A rádio é inglesa e conta com vários programas voltados pro Soul, Modern Soul, Boogie, Northern Soul, Jazz, Gospel e Garage House. Tracks finíssimas.

A Solar Radio possui em seu cast inúmeros apresentadores com história na cena de clubes na Inglaterra, ou seja, só cara que frequentou desde os lendários all nighters de Wigan, até os gloriosos dias no Haçienda.

Toda semana, o set de cada programa é disponibilizado no site, bem como algumas reviews de discos importantes na música negra. Uma ótima fonte pra conhecer coisa nova, ou não tão nova. Sério, não vou mais falar deles, entra no site, aperta o play e caia no groove!

terça-feira, junho 09, 2009

Ring Di Alarm, Tenor Saw is dying



Uma música que sempre me vem à cabeça, juntamente com o cantor, é a Ring The Alarm, do Tenor Saw. O começo dela, ‘ Rrrrrrring! Rrrrrrrrring! Ey, ring di alarm, ey, wo. Ring di alarm and not a sound is dying’, foi usado ad infinitum em sampler, numa série de músicas de ragga, e em outros estilos além. Isso vinte e dois anos antes da Beyoncé criar uma música com o mesmo nome, tornando a tarefa de achar a letra pra essa track um martírio.

A música é de 85, o riddim é o Stalag17. Os destaques do cara são a Pumpkin Belly, que usa o Sleng Teng riddim, o primeiro digital já feito, e o Roll Call. Além desses, uma que não deve sair do player nunca é a Lots of sign. “Life’s one big road with a lots of sign. Signs in both sides, come on, come on”. Além de letras fodas, o cara é com certeza um dos melhores deejays que me recordo. O feeling dele é inconfundível, e consegue casar bem o riddim ao vocal, coisa que nem todo vocalista de dancehall faz.

Talvez isso explique porque ele seja tão sampleado no dancehall, o cara foi uma das grandes influências no começo, criando tunes que serviram de inspiração até depois da sua morte.

A maior tristeza da história do cara é que ele fez seu maior sucesso, ring the alarm, em 1985, e morreu em 1988, aos 22 anos, em Houston, por um carro em alta velocidade. O cara foi até homenageado pelo Supercat, com a música Nuff Man a Dead.


R. Darci

sábado, junho 06, 2009

Festa FUTURAFRICA em Santos!


O Dj Lufer tá trazendo de volta próximo dia 7 a FUTURAFRICA. Pra quem não lembra, a festa marcou por trazer os sons negros aqui pra cidade de Santos, ou seja, coisa fina. E nessa nova edição, o cara trouxe 3 atrações fodidas: Bnegão, Totonho e Dubkilla, somado com a tradicional discotecagem.
O Lufer pediu pra gente dar uma divulgada, mas mesmo sem ele pedir a gente o faria. Coisa boa tem que ser falada. Aliás, estaremos presentes por lá.

-

Confira o release e os dados da festa:

O projeto Festa FUTURAFRICA realiza festas mensais reunindo vários matizes da música e arte negra transatlântica, tendo como foco a idéia de que as raízes são mutáveis e estão em plena evolução. O Futuráfrica da ênfase ao Sound System (discotecagem com acompanhamento vocal e instrumental). O estilo teve origem na Jamaica, na década de 50, quando funcionava como uma rádio ao ar livre e meio de divulgação. Durante os anos 80 tornou-se febre na Europa e em várias partes do mundo. No Brasil, o estilo vem crescendo nos últimos quatro anos.

E no próximo dia 07/06/2009, a festa trás de volta a Santos Bnegão Sound System, que trás a mistura explosiva de Hip-Hop, Ragga, Dub, Jazz, Samba, Soul, Funk Carioca e Rock promovida pelo rapper BNegão e pelo trompetista Pedro Selector, que vem causando bastante impacto no Brasil e no exterior, cada vez mais alcançando um numero maior de ouvintes.

Desde que lançou seu primeiro cd "Enxugando Gelo"(Independente, 2003), projeto liderado pelo ex-rapper do Planet Hemp já percorreu várias capitais do país e da Europa tendo lotado shows em algumas das principais casas de espetáculo destes lugares.
A festa contará também pela primeira vez em Santos o músico Totonho, que é parceiro musical de Zeca Baleiro e Chico Cesar, e teve seus dois discos produzidos pelo jurado do Astros(SBT), Carlos Eduardo Miranda.

A festa marca o inicio de uma parceria firmada com o NetBar, onde todos os domingos os Djs da Futurafrica estarão tocando o fino do DUB, Ragga, Rare Grooves Nacional e Gringo, Latinidades, Reggae Roots, e toda miscelânea musical que o continente negro espalhou pelo mundo. Tendo uma vez por mês um convidado do circuito alternativo brazuca. A festa conta com o apoio do Restaurante Nagasaki Ya e do site Classicos do Design.

FUTURAFRICA

Data: 7 de Junho, Domingo
Bnegão(www.myspace.com/bnegaoss)
Totonho(www.myspace.com/totonhooscabra)
Dubkilla(www.myspace.com/dubkilla)
Nas pick ups da noite: Djs Lufer - Wagner Parra - Betinho - Equipe Dubkilla
Local: NET BAR - Av. Mal. Floriano Peixoto, 302 / Pompéia - Santos
Horário: À partir das 21 horas
Ingresso: R$20 reais (incluso bônus de R$10 na consumação)

sexta-feira, junho 05, 2009

Cloaca PO(bre ou dre)P

Tudo que é bom é inesperado. Acontece que a Action ganhou um colaborador novo. Fã de The The e grande mentiroso, vos apresento a coluna de Leonardo Marques. Toda sexta-feira na Action. Hoje, a terceira edição:


Perguntas que Gostaria de Fazer para Pessoas que Teriam Respostas para Me Satisfazer:

Pergunta: Já que você odeia o cinema brasileiro contemporâneo, duramente criticado pelo senhor...

Resposta: Senhor? Eu só tenho 29 anos!

Pergunta: Desculpe, intui erroneamente a sua idade baseado na armação dos seus óculos.

Resposta: Tudo bem, monsieur, deixa pra lá.

Pergunta: Voltamos à questão. Já que você odeia o cinema nacional contemporâneo, duramente criticado por você “pela excessiva dissecação do paradigma da miséria e pela glamourização do crime organizado”, qual o período do cinema brasileiro que você reconhece como o mais relevante da nossa história?

Resposta: A Pornochanchada!


Pergunta: Poxa, cara, o que você tem contra o rap?

Resposta: É uma música sem criatividade.

Pergunta: Mas você não foi o membro fundador do fã clube do Thee Butcher’s Orchestra?

Resposta: Fui.


Em 2004...

Resposta: O show do Mars Volta foi ridículo, puro teatro!

Pergunta: Qual foi melhor show da noite?

Resposta: Grenade, nossa, disparado, meu!

Pergunta: Você não é a assessora de imprensa deles?

Resposta: É, sou.


Resposta: As Panicats não são gostosas nem bonitas!

Pergunta: Tá falando sério?

Resposta: Nem a Flávia Alessandra!

Pergunta: Tá maluco?

Resposta: Nem a Dani Bananinha.

Pergunta: Virou bicha?

Resposta: Nem a Jennifer Connelly

Pergunta: Então quem é gostosa e bonita?

Resposta: Kim Deal, sempre Kim Deal, para sempre Kim Deal.


Resposta: Tira esse som, tira essa bosta, essa mina chata gritando!

Pergunta: Eu li uma entrevista do Strokes falando muito bem dela, sabia?

Resposta: Me empresta depois para eu ouvir melhor.


Pergunta: A senhora escreveu um livro acadêmico sobre os brasileiros que vivem em Portugal?

Resposta: Sim. O livro parte da problemática da premissa redutora que o ser pernóstico...

Pergunta: Tá bom, cala a boca! O que é um livro acadêmico?

Resposta: Ah, eu só tive que colocar o meu nome na capa. O resto é só citação.

Pergunta: Cópia?

Resposta: Magina...

Pergunta: Cópia acadêmica?

Resposta: Exato.


Resposta: Cara, cê só fica aí deitado, bebendo cerveja, fumando maconha, lendo livro, falando merda com esses teus amigo fracassado, discutindo futebol, assistindo filme do Kevin Smith, do Simon Pegg, do Scorcese... Sai desse mundo sem significado, seu idiota, vamo curtir a vida, conhecer pessoas diferentes...

Pergunta: Me deixa, caralho, cuida da tua vida... Por falar nisso, que dia é hoje?

Resposta: Sábado.

Pergunta: Vai pra onde?

Resposta: Pra Popscene!


Pergunta: A Trama é boa pra música?

Resposta: Claro, rapaz. Criamos o site Trama Virtual, o programa da Trama, na rede Multishow, apoiamos o programa Radiola, na T.V Cultura, estimulamos o cenário independente por todo o Brasil...

Pergunta: A Trama é boa pra música?

Resposta: Claro, meu rapaz. Lançamos Wilson Simoninha, Max de Castro, Pedro Mariano, Jairzinho, Luciana Mello...


Resposta: Ler Chuck Palahniuk não faz de você um intelectual respeitável.

Pergunta: O que devo ler para ser considerado um intelectual respeitável?

Resposta: Ulysses, de James Joyce.

Pergunta: Já leu?

Resposta: Claro, meu querido.

Pergunta: Entendeu?

Resposta: Não.


Resposta: Ele me falou que eu sou ridícula, que não tenho o mínimo de carisma, que não possuo apelo comercial...

Pergunta: Sério? Ele falou isso mesmo pra você?

Resposta: Que eu sou feia, que a minha voz é horrível, que não consigo segurar uma nota...

Pergunta: O que mais?

Resposta: Que eu não tenho talento, não tenho criatividade, que pra sempre serei uma empacada...

Pergunta: Afinal, quem falou isso tudo pra você?

Resposta: Kiko Zambianchi.


Pergunta: Olá, seja bem-vinda, como vai você?

Resposta: Vou bem.

Pergunta: Cadê o seu namorado?

Resposta: Não pôde vir, surgiu um compromisso inadiável de última hora.

Pergunta: Você tá bem mesmo?

Resposta: Mais ou menos.

Pergunta: O que tá pegando?

Resposta: É o meu namorado, o Carlos.

Pergunta: O que foi que ele fez?

Resposta: Eu não gosto quando ele desmarca os compromissos em cima da hora. Agora vou ficar de vela de você e da Pietra.

Pergunta: Que nada, relaxa. Qual o compromisso inadiável que não permitiu que ele viesse?

Resposta: Foi jogar Magic com os amigos.


Pergunta: E essa?

Resposta: Já peguei.

Pergunta: E essa aí com o moletom desbotado do Epcot Center?

Resposta: Já pagou uma bubuca pra mim dentro do carro do Senzala.

Pergunta: E a loira bunduda?

Resposta: Dei só uns beijinhos. Beija mal.

Pergunta: E a morena peituda?

Resposta: Tirei a virgindade dela.

Pergunta: E a ruivinha sardenta?

Resposta: Comi ela e a mãe.

Pergunta: Ao mesmo tempo?

Resposta: Lógico. Fiz cada uma gozar três vezes!

Pergunta: E aquela ali que tá apoiada no vaso de barro?

Resposta: Tive um caso com ela durante dois meses. Inverno é foda.

Pergunta: A anã? Tu teve um caso com a anã do terceiro ano de geografia?

Resposta: Opa, peraí... caralho, me enganei... é mentira... confundi...


Resposta: Corintiano é tudo ridículo, tudo sofredor, tudo cagão!

Pergunta: Torce pra quem?

Resposta: Pro Manchester United.

Pergunta: Você nasceu onde?

Resposta: Na Barra do Una, fica no litoral sul de São Paulo.

Pergunta: Tem um puta manguezal por lá, né?

Resposta: Tem, eu nasci bem ao lado do mangue, fiquei com cara toda melecada. Na verdade, ainda nem tem luz naquela porra.


Resposta: Fecha a porta!

Pergunta: E aí, o que aconteceu? Por que essa bagunça?

Resposta: Minha mina me deixou.

Pergunta: Por quê?

Resposta: Incompatibilidade de interesses.

Pergunta: O que você tá fazendo com essa caixa na mão?

Resposta: Vou jogar tudo que é dela fora. Começando pelos CD’s.

Pergunta: Ela não vai ficar brava?

Resposta: Eu quero que ela se foda. Se liga, me ajuda.

Pergunta: O que é isso?

Resposta: É o CD do Fugazi, uma bosta, é dela, pode jogar fora!

Pergunta: E esse?

Resposta: The Nudes, Pele. Também é dela, deve ser alguma coisa que o Pelé canta, música pra criança pobre e analfabeta, sei lá, eu não sabia que ela gostava do Pelé, aquela vaca sempre odiou futebol. Foda-se, joga fora!

Pergunta: E esse aqui com esse cara de boina?

Resposta: Bob Dylan. Parece música sertaneja. É um malandro tipo fanhoso. Também é da Elisa. Manda Pro lixo.

Pergunta: E esse do cara de correntão?

Resposta: Caralho, eu achei que tinha perdido este CD, gosto pra caralho desse cara, ele faz um som foda. Este disco é meu. A Elisa odiava este CD. Mas um motivo pra odiar aquela vaca! Bota pra rolar no som.

Pergunta: Qual é o nome desse cara do correntão que tu curte?

Resposta: Cabal.

Pergunta: Ele faz a sobrancelha, não faz?

Resposta: Tá louco, mano, o cara é sangue nos óio!


Pergunta: Tá lendo o quê?

Resposta: Revolução dos Bichos.

Pergunta: Tá lendo o quê?

Resposta: Veja

Pergunta: Tá lendo o quê?

Resposta: Valor nutricional do Cebolitos.

Pergunta: Tá lendo o quê?

Resposta: “Era Só Mais Um Silva: A História Do Funk Carioca”.

Pergunta: Tá lendo o quê?

Resposta: Cartaz de desaparecimento de um cão na primeira pessoa.

Pergunta: Foi o cão que escreveu?

Resposta: Parece que sim.

Pergunta: Como é?

Resposta: “Oi, eu sou o Fluffy, tenho dois aninhos e estou com a minha patinha esquerda quebrada. Sou macho, apesar do meu nome e da minha raça, pudoll, e há duas semanas estou longe de casa e com muito frio, fome e com saudades dos meus donos...


Resposta: Na minha adolescência, quando estava com os hormônios em ebulição e não podia alugar filme pornô na locadora, eu alugava Instinto Selvagem.

Pergunta: E hoje, se não tivesse internet, o que será que a molekadinha iria alugar para socar uma?

Resposta: Ken Park!


Resposta: Hoje eu fiquei pensando nas oscilações da existência e cheguei a uma reconfortante conclusão.

Pergunta: Qual?

Resposta: Até as coisas mais grotescas podem se tornar triunfos tão aprazíveis quanto um orgasmo fantástico que precede o mais belo pôr do sol.

Pergunta: Por exemplo?

Resposta: Kenny G versão Ska!

Resposta do que sempre pergunta: Pode crer.


por Leonardo Marques

quinta-feira, junho 04, 2009

A história do PJ

Daqui pra frente, todas as quintas, o colega Ciro Hamen, do Acento Negativo, escreverá crônicas sobre a cidade pra Action. Hoje, sua nona crônica.

A princípio ninguém deu muita bola para as histórias do P.J. Só eu abracei a filosofia daquele coroa meio maluco que apareceu em uma noite no bar da galera.

- Meu moleque tem 15 anos. E vai pra natação todos os dias – ele dizia.

A galera já estava impaciente e irritada com P.J. Eles me chamavam desesperadamente para ir ao banheiro cheirar.

- Molecadinha, vocês têm que estudar – P.J. falava, enquanto todo mundo voltava do banheiro travado.

Porra, quem era esse cara pra ficar dando lição de moral no pessoal? Durante a semana, levava o “moleque” dele pra natação e no fim-de-semana ia pro bar cheirar com uns caras que tinham o terço da sua idade. De qualquer jeito, gostei dele.

Algumas semanas depois, eu, Alemão e Júnior encontramos P.J. em um bar qualquer. O cara ficou felizão em ver a “molecadinha”. E nós ficamos radiantes diante da possibilidade de alguém conseguir um pó para a gente.

- Molecadinha, vocês têm que estudar – ele falou, quando tocamos no assunto. Mas não deu nem dois minutos e já colocou um papelote na nossa mão.

Assim virou nosso amigo. Parceiro de droga. Logo estava nos chamando para ir á casa dele ouvir discos de vinil. Sua coleção era grande. Tinha Yes, Emerson, Lake & Palmer, Rolling Stones e até John Lennon,que era o que eu e ele mais gostavam. Podia ficar horas ouvindo “Working Class Hero”.

Ficamos tão íntimos de P.J. que às vezes chegávamos de surpresa na sua casa. Obviamente, nem sempre ele estava. Às vezes estava comendo uma tal de Angélica, na casa dela. E às vezes devia estar pela rua procurando mais droga.

P. J. morava em um predinho de três andares, desses que têm apartamentos no térreo. Então era fácil chamá-lo. Era só entrar no prédio e chamá-lo pela janela.

- Peraí, molecadinha. Não vai dar pra você entrarem agora, mas eu tenho um negócio aqui pra vocês.

Um minuto depois, P.J. reapareceu na janela com um CD do Fábio Jr. que serviria de bandeja. Esticou as carreiras ali em cima e passou para a gente. Era engraçado cheirar em cima da cara de um cheirador. Ninguém perguntou por que ele tinha um CD do Fábio Jr. Talvez fosse um presente de Angélica. Porém, a função que o disco ganhou foi perfeita.

Durante meses andamos com P.J. Ele até nos apresentava alguns de seus amigos. Um deles se vangloriava de ter escrito uma música que dizia “tanto fiz, tanto fiz, que até furei o meu nariz”.

P. J. mostrava objetos pessoais, como um caderninho que ele mantinha durante a adolescência. Nele, escrevia sobre as suas aventuras surfando pelo litoral norte com os amigos e colocava um * em todas as vezes que paravam para fumar maconha. Algumas páginas tinham mais asteriscos do que palavras.

Certa noite, P. J. começou a contar sobre a sua experiência na cadeia. Dizia que foi parar lá por ter matado um homem. Curiosos, perguntamos como ele fez isso. Sem mudar de expressão, P.J. foi até a sua cama e puxou de trás dela um pedaço de pau de mais ou menos uns dois metros.

- Eu guardo isso até hoje.

Nunca mais voltamos à casa do P.J. De vez em quando ainda o vemos por aí e ele sempre pede para darmos uma passadinha em sua casa.

Ciro Hamen é jornalista, escreve diariamente sobre cinema no blog www.acentonegativo.blogspot.com e todas as quintas-feiras no Coletivo Action.

segunda-feira, junho 01, 2009

Férias forçadas de 2 semanas

Pessoal, essa semana teremos apenas as atualizações das colunas do Ciro e do Leonardo. Motivo? Mudança e trampo novo . Em 2 semanas, as coisas estarão resolvidas e normalizadas. Não, não vamos sumir, prometemos. Hahahah.

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