terça-feira, junho 30, 2009

A eterna Alice Coltrane

Há cerca de alguns meses nós contribuimos a Agenciau com uma coluna semanal. Existem algumas verdadeiras pérolas por lá e, por isso, e pelo fato de termos preguiça de escrever coisas novas, estamos revivendo as melhores matérias de lá. Algumas já foram postadas aqui, mas daqui pra frente as postaremos todas as terças feiras.
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Certa vez eu fiz um spam em uma comunidade do orkut, era um tópico direcionado para spams diversos. Acabei falando da Action e da proposta do coletivo, da abordagem da música negra que fazíamos, além de outras coisas que rolam por aqui e também são importantes. Foi aí que levantaram uma polêmica: "Música não tem cor". Artistas como Alice Coltrane, que falaremos hoje, nos obrigam, sem punhetagem alguma, continuar insistindo nisso tudo.

Falecida em 2007, a americana de Detroit foi mulher do John Coltrane, um dos grandes mitos do Jazz. O sobrenome importante não deixou sua carreira presa ao marido.

A concepção que Alice deu para sua música é fodida. Ela foi tornando cada vez mais denso e psicodélico o jazz que ela tocava. Pianista e organista de mão cheia e uma das poucas harpistas do mundo do Jazz, sempre esteve ao lado de gente do naipe de Bud Powell e Terry Gibs.

No álbum “Eternity” de 75, conseguiu atingir seu ápice, misturando todas as influências galgadas ao longo da carreira. Do Hinduísmo – em que havia se convertido na década de 70 – aos “negro sprituals”, cantos feitos por escravos americanos e que deram origem ao blues e ao gospel. O disco, aliás, foi o que a consagrou utilizando essa mistura de influências tão distintas, criando um estilo próprio. É lindo e tocante. Sem frescura nenhuma, de verdade.

A Alice Coltrane fez parte de uma geração de artistas de Jazz que piraram em viagens astrais, black consciousness e religiões estranhas. Ou seja, se você procura escutar um som experimental, sem perder o sentimento dos melhores artistas de Soul-Jazz, a bela Alice é um excelente começo.





Confiram os outros textos da nossa coluna na Agenciau:

A diáspora chinesa e a música jamaicana
El Lissitsky, o mito multimídia dos anos 20
Robert Crumb e os Cheap Suit Serenaders

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