segunda-feira, agosto 10, 2009

Viva Cuba! A era de ouro da arte na ilha



O leitor que frequenta a Action deve ter diversos motivos para nos acompanhar. Curte as matérias de música negra, as crônicas dos colaboradores, tem tara por gordos ou gosta dos cartazes que a gente produz. Pois bem, a arte cubana, mais especificamente a pós revolução, é uma das grandes influências do coletivo e é dela que falaremos hoje.

Depois da ascenção de Fidel Castro ao governo cubano, todas as agências publicitárias da ilha foram nacionalizadas. Os donos, putos, sairam do país em busca de outras oportunidades. O restante ficou no país e teve que encarar uma realidade totalmente diferente da que eles viviam. Ou seja, trampar com caras do governo e produzir para eles.

Com isso, surgiram dois grupos de criação para executar as tarefas. O primeiro, chamado de Consolidado de Publicidad, cuidaria somente dos contratos de publicidade que existiram até 1961. Já o Agencia Intercomunicaciones se encarregou de cuidar de todos os orgãos do governo, de ministérios à empresas.

Como todo momento de transição, o número de fechamentos, fusões, fundações é absurdo e confuso. Mesmo assim, temos que ressaltar também a criação de outros três importantíssimos orgãos que fomentariam a produção artística cubana nos anos seguintes: O Instituto Cubano del Arte, a Industria Cinematográficos(ICAIC) e a Casa de Las Américas. Cada orgão teve artístas e produções específicas, de revistas a cartazes impressos em serígrafia.

A demanda de trabalho era grande e no caso dos cartazes, os artistas chegavam a produzir um por semana. Com essa urgência, os caras tiveram que adotar soluções eficientes. Talvez aí uma das grandes razões do estilo próprio que foram desenvolvendo ao longo do tempo.

O ritmo de produção era insano e o número de artístas era grande. Tanto que seria cansativo mencionar todos sem cometer alguma puta injustiça. Ainda mais com a fundação de mais outro orgão do governo, o Consejo Nacional de Cultura(CNC). Este também tinha uma equipe invejável e as criações eram basicamente voltadas para eventos e instituições culturais, além de ilustrações para revistas.

Os cartazes cinematográficos do ICAIC foram com certeza os mais marcantes. Não eram só meras peças impressas em serigrafia retratando os filmes produzidos dentro ou fora da ilha. Eram o reflexo de uma geração jovem, com ânsia de realização dentro de um panorama de mudanças e sonhos de uma vida mais justa. Daí o numero de cartazes experimentais e de vanguarda.

O intercâmbio promovido com professores e artistas poloneses - outro país com uma produção fodida de cartazes- serviu de aprendizado e reconhecimento para os artistas da ilha. Um exemplo da quantidade e qualidade desta produção foi a exposição organizada pelo Instituto Cinematográficos(ICAIC) em 1979. Na data comemorativa dos vinte anos de sua fundação, mais de mil cartazes de cinema foram exibidos. Um número espantoso de trabalhos realizados.

O reconhecimento no mundo, felizmente, já viera anos atrás, quando os trabalhos dos artistas cubanos fizeram parte de exposições mundiais como a de Montreal e a de Osaka. Ambas no final da década de 60. No repertório das exposições, os belos cartazes de cinema, eventos culturais e propagandistas.

Esse ambiente fértil para as criações durou cerca de dez anos. Com o fim dos regimes comunistas europeus na década de 90, o apoio financeiro diminuiu e a produção e a qualidade também. É raríssimo você encontrar algum trabalho que se equipare aos anos 60 e 70. Creio que dificilmente os cubanos conseguirão chegar a um nivel tão alto de qualidade como antes.

Pelo menos, de uns tempos pra cá, a divulgação desse fértil período aumentou novamente, tanto em Cuba como em outros países. Aliás, um dos grandes motivos de termos escrito essa matéria, é a exposição sobre o assunto que está rolando em São Paulo. Quisemos motivar vocês a irem ver, vale muitíssimo a pena.


Abaixo, deixamos os dados da expo:

Exposição de Cartazes Cubanos:

Data: de 5 de agosto a 13 de setembro
Local: Caixa Cultural - Praça da Sé, 111, Galeria Betetto
Horário: 9 às 21. Recomendação etária: Livre. Entrada: Grátis
Informações: (11) 3103-5723
http://www.caixacultural.com.br

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