sábado, janeiro 03, 2009

Madchester: Quando a fumaça virou combustível nas pistas - Final

Começando o ano com o pé direito, a última parte da matéria à respeito de Madchester. Essa cena musical revolucionou a industrial e poluída Manchester e deu seguimento à cultura rave iniciada com os clubes que tocavam Soul Music no norte da Inglaterra. A Action admira não só a história do movimento, bem como as bandas e os sons tocados pelos dj's que tiveram uma forte pegada de música negra. Ah, é recomendável dar uma lida aqui no texto sobre House que fizemos há um tempinho atrás.


O Haçienda apesar de seus problemas em lucrar, possuía sets maravilhosos regados de disco music, house e apresentações de bandas do catálogo da Factory Records. A cultura rave havia voltado à tona e os jovens, também de classe trabalhadora, tiveram como combustível a fumaça das fábricas e uma nova droga que surgia, o Ecstasy. Sim, a cultura rave havia sido atualizada em tudo, até nas drogas. Claro, e isso não parou por aí. Bandas como Happy Mondays, que tinham uma grande influência do house e do funk, faziam um som único e dançante utilizando instrumentos tradicionais.

O Stone Roses, formado pelo mito Ian Brown seguia influências parecidas, mas invés de se enveredar pelo mundo do house e do funk, fazia um som inspirado na psicodelia e em outras bandas dos anos 60, trazendo também uma versão alternativa e igualmente dançante do som Madchesteriano. Outra banda a se mencionar era o Inspiral Carpets, que resgatavam o garage dos anos 60 abusando do orgão Farfisa e das mesmas levadas dançantes. Uma verdadeira aula de como pegar o que já foi feito e transformar em algo totalmente novo.


Uma das inúmeras festas no belo Haçienda


O sucesso da cena independia da ser ou não uma banda da Factory Records. Assim como o Stone Roses, os Carpets, James, 808 State, The Charlatans, etc, todos possuíam sua própria identidade e esta se integrava perfeitamente com o espírito de Madchester e acima de tudo, de Manchester, que já sofria crises de identidade com seu próprio nome.
A cidade do norte havia ganhado não só a Inglaterra, mas o mundo inteiro. O lugar, antes ausente de cena musical e cultural, fervilhava, recebendo pessoas do mundo inteiro querendo conhecer e curtir o que acontecia por lá.

O segundo Summer Of Love, nome dado a onda do Acid House na Inglaterra ajudou ainda mais a cena ficar por alguns anos no topo, até mais ou menos 93, 94. Curiosamente, foi o ano que a própria Factory e seu clube Haçienda começaram a capengar, culminando com seu fechamento em 1997.

Apesar de seu fechamento, a importância cultural que tudo isso gerou na cidade foi imensa. Tão grande que conquistou o mundo. Dj's como Mike Pickering, John Da Silva, Paul Oakenfold, Dave Haslam, o próprio New Order, A Guy Called Gerald, James, Ian Brown, entre outros, estão aí até hoje, assim como o House, que ganha cada vez mais adeptos e adaptações.

O exemplo foi dado. Manchester ou Madchester, o nome não importa muito, mas esta cena tem que ser lembrada como um dos grandes movimentos que existiram no passado. A paixão pela música e a dança estavam ali, a diversão e até mesmo as drogas foram consequência, e pelo menos para a Action, foi uma das grandes inspirações.

Pra terminar, a Action indica alguns discos e filmes que abordam tudo isso:

Filmes e videografias:

24 Party People - O Filme conta através da história da Factory Records e de Tony Wilson todo o desenrolar da cena de Madchester. O filme tem uma linguagem diferente, onde o ator que faz o papel de Wilson fala em todo momento com o telespectador. Rola também participações especiais de pessoas importantes no movimento como Paul Ryder dos Mondays e Vini Reilly do Durutti Collum. Além da trilha sonora fantástica, a linguagem visual do filme é impecável. Falando de filme, é o que tem de melhor pra se entender a cena.

Madchester: The Sound of the North - Documentário produzido pela Granada Tv e narra a história do movimento. O material é completíssimo, conta com footage de shows das bandas, entrevistas e participações especiais como do estúdio de design Central Station Design, responsável por várias capas de discos das bandas de Manchester. No Youtube, o documentário está disponível na íntegra, dividido em 8 partes. Não está legendado, mas dá pra sacar muita coisa e as imagens ajudam muito entender sobre como fervilhava a coisa na época.

Soul Weekenders - Pequeno documentário à respeito do Northern Soul, com depoimento de várias personalidades à respeito do gênero e imagens raras dos all nighters. Não fala de Madchester, muito menos do Twisted Wheel, mas explica muita coisa do que foi a primeira cultura rave.

Discos:

Haçienda Classics - Coletânea elaborada pela Factory. Contem os sons tocados no lendário clube. Uma aula de House, Acid House e muita coisa que você já deve ter ouvido nos anos 90, achava cafona, mas dançava.

Happy Mondays - Squirrel And G-Man Twenty Four Hour Party People Plastic Face Carnt Smile [white out] (1987) - Um dos grandes sucessos dos Mondays, o disco de nome comprido tem alguns dos grandes sucessos da banda, como Tart Tart, Kuff Dam e 24 Party People.

Inspiral Carpets - The Beast Inside (1991) - Discaço do Inspiral Carpets. Está tudo ali, do garage 60's até um teclado lembrando os melhores sons de piano house.

The Stone Roses - The Stone Roses (1989) - Obra prima do grupo liderado pelo briguento Ian Brown. O disco conta com pérolas da década de 90 como "I Wanna Be Adored" e "She Bangs The Drums", além de outros sons dançantes como "Fools Good", "Waterfall" e "I am the Ressurection".

The Charlatans - Melting Pot(1998) - Coletânea que mostra boa parte do som dos Charlatans, um grupo que mistura belos solos de hammond e piano com a tradicional batida Madchesteriana. A bela capa da coletânea mostra um café em Northwich, onde o grupo se encontrou pela primeira vez antes de assinar com a gravadora Beggars Banquets.

808 State - Ninety - Ótimo disco de Acid House feito por esses caras de Manchester. Todo o clima das pistas da época está traduzido nesse album de 1989. A música "Pacific 202" é o ponto alto de Ninety.

É claro que os mais nerds vão sentir falta de algumas bandas e até mesmos outros albums dos grupos mencionados aí em cima, mas essas indicações são um ótimo começo pra quem interessou sobre Madchester.

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