Todas as quintas, o colega Ciro Hamen, do Acento Negativo, escreve crônicas sobre a cidade pra Action. Depois de um período de férias, o cara tá de volta. Hoje, sua décima terceira crônica.
Um novo dia entrava pela janela e me acordava deitado em cima daquele beliche. Na verdade não era a luz que me acordava, mas o barulho que vinha lá de fora. Música, coros, tambores. O que era aquilo? Estava em um país estranho. Um lugar diferente. Será que aquilo era normal lá?
Não conseguia me levantar para ver. Meu corpo não deixava. O que tinha acontecido na noite passada? Não lembrava direito. Lembrava apenas do frio de puta madre.
Provavelmente estava de ressaca e por isso não conseguia me mover.
- Marcos, dá pra você pegar minha água?
Precisava tomar algo antes de me movimentar.
Desci a escada do beliche com cuidado e fui para a pequena sacada do quarto. Na rua, uma multidão se apertava, soltando fogos, cantando gritos de guerra, batendo tambores e carregando bandeiras azuis e brancas.
Estavam pedindo emprego. Era uma marcha de operários. Várias. Quando uma acabava, começava outra. Precisava ver aquilo de perto. Mesmo mal, desci os quatro andares com a minha câmera.
Algumas pessoas carregavam pedaços de pau, mas as marchas eram pacificas. A polícia ficava do lado, mas sem fazer nada. Os restaurantes mostravam os protestos ao vivo na tevê. O frio da noite anterior continuava. E a ressaca não passava. Provavelmente estava doente, com gripe, sei lá. Preferia não pensar naquilo. Preferia entrar no meio da multidão. Apoiar aquilo de alguma forma.
Ciro Hamen é jornalista, escreve diariamente sobre cinema no blog www.acentonegativo.blogspot.com e todas as quintas-feiras no Coletivo Action.
Um novo dia entrava pela janela e me acordava deitado em cima daquele beliche. Na verdade não era a luz que me acordava, mas o barulho que vinha lá de fora. Música, coros, tambores. O que era aquilo? Estava em um país estranho. Um lugar diferente. Será que aquilo era normal lá?
Não conseguia me levantar para ver. Meu corpo não deixava. O que tinha acontecido na noite passada? Não lembrava direito. Lembrava apenas do frio de puta madre.
Provavelmente estava de ressaca e por isso não conseguia me mover.
- Marcos, dá pra você pegar minha água?
Precisava tomar algo antes de me movimentar.
Desci a escada do beliche com cuidado e fui para a pequena sacada do quarto. Na rua, uma multidão se apertava, soltando fogos, cantando gritos de guerra, batendo tambores e carregando bandeiras azuis e brancas.
Estavam pedindo emprego. Era uma marcha de operários. Várias. Quando uma acabava, começava outra. Precisava ver aquilo de perto. Mesmo mal, desci os quatro andares com a minha câmera.
Algumas pessoas carregavam pedaços de pau, mas as marchas eram pacificas. A polícia ficava do lado, mas sem fazer nada. Os restaurantes mostravam os protestos ao vivo na tevê. O frio da noite anterior continuava. E a ressaca não passava. Provavelmente estava doente, com gripe, sei lá. Preferia não pensar naquilo. Preferia entrar no meio da multidão. Apoiar aquilo de alguma forma.
Ciro Hamen é jornalista, escreve diariamente sobre cinema no blog www.acentonegativo.blogspot.com e todas as quintas-feiras no Coletivo Action.
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