sábado, julho 18, 2009

O show de rock

Daqui pra frente, todas as quintas, o colega Ciro Hamen, do Acento Negativo, escreverá crônicas sobre a cidade pra Action. Hoje, sua décima segunda crônica.

ERRATA: Cagada nossa, o texto do Ciro acabou vindo pela metade aqui pra Action. O Ciro nos deu um toque e arrumamos. E pra compensar esse erro, subimos ele novamente.

Precisávamos de um lugar para nos esconder. Queria ficar sozinho com Raquel, mas sem que alguém conhecido nos visse. Afinal, eu tinha namorada e não gostaria de ser visto com essa menina que tinha conhecido há apenas alguns dias. Na verdade já estava com vontade de terminar o relacionamento e a traição seria apenas uma desculpa para fazer isso.

Pensei em ir para algum bar, mas era exposição demais. Não me sentiria confortável. Foi aí que lembrei de uma casa de shows, que ficava naquela rua escura da cidade, a duas quadras de onde estávamos. Era domingo à noite e provavelmente estaria aberta. Com sorte estaria acontecendo um show fuleiro, sem muita gente, o que me daria mais segurança e a sensação de “esconderijo” em um lugar público.

Andamos pela rua escura para chegar ao tal lugar. De longe, podíamos ver algumas pessoas perto da porta. Uns punks sentados no chão, outros em pé, bebendo vinho em garrafas de plástico. Lembrei como fazia tempo que não ia a shows desse tipo. Shows de hardcore. Cheios de gente suja, vestindo all-star surrados e fedendo a pinga e cigarro. Um sujeito se aproximou de mim e de Raquel.

- Vocês querem? – perguntou, apontando para uma garrafa de Coca-Cola de 2 litros com um conteúdo marrom dentro.

- Não, obrigado – respondi educadamente.

“Que porra seria aquela?”, pensei. Olhei para a cara de Raquel e dei risada. Achei estranha a generosidade do garoto. Talvez fosse merda engarrafada. Talvez não. Gostava de pensar que ele estava realmente tentando ser agradável com desconhecidos e que ainda havia pessoas assim no mundo.

Estava decidido. Ia entrar lá.

- Quanto é o ingresso? – perguntei para o cara da porta.

- Quinze reais.

- Quinze?!

- É, quinze. Antecipado com as bandas era dez. Agora é quinze.

Por que não pensei em comprar o ingresso com alguma banda antes? Provavelmente porque não estava planejando ir ao show. Talvez alguém ali fora fosse de alguma banda. Um cara estava saindo do local carregando uma guitarra. Corri atrás dele.

- Ei, você vai tocar aí hoje?

- Não. Estava apenas ensaiando no estúdio que tem lá em cima.

- Ah, desculpa. Ia perguntar se você tinha ingresso.

- Não tenho. Desculpa.

Que merda. Será que ninguém ali fora tinha ingressos sobrando? Eu e Raquel continuamos a nossa busca, perguntando para todos se eles eram de alguma banda que ia tocar naquela noite. De repente, um casal se aproximou de nós.

- Vocês estão precisando de ingresso? – perguntou o garoto.

- Sim. De dois. Vocês têm?

- Temos. Dez reais cada.

Dei uma nota de vinte e pegamos os ingressos.

- Consegui os ingressos – falei para o cara da porta, que fez uma cara feia. Me revistou e deixou passar. Raquel não foi revistada.

Para chegar ao lugar precisávamos subir uma escada estreita. Antes de chegar lá em cima, larguei a mão dela, só por precaução, caso algum conhecido estivesse no show. Mas nem foi preciso procurar muito por alguma cara familiar. O lugar estava tão vazio que dava para contar nos dedos os gatos pingados. Era perfeito.

Por incrível que pareça, os poucos que estavam lá não eram punks sujos. Havia umas meninas com jeito de modelo, uns caras meio nerds e uns dois cabeludos do metal para dar o clima de “show de rock”. Estar ali me fez bem. Me senti com 17 anos novamente.

A banda no palco era uma espécie de Charlie Brown Jr. cover. O vocalista parecia um garoto que bolou a aula do primeiro colegial e foi tocar com os amigos. Usava boné e uns correntões. O resto da banda era bem parecido com ele.

Fui no balcão pegar uma cerveja para mim e para Raquel. Não era cara, o que era bom, pois significava que eu podia pegar mais algumas no decorrer da noite. Sentamos no balcão mesmo e ficamos fazendo piadas sobre o Charlie Brown cover.

- Me dá um cigarro? – pedi a ela.

- Claro – ela falou, abrindo a bolsa. – Você pode pedir quando quiser. Quando eu compro cigarros é para dividir.

- É. Sempre que eu compro também divido.

Raquel colocou o cigarro na minha boca e começou a procurar pelo isqueiro. Ela era apaixonante. Dizia aquilo com um sorriso muito verdadeiro no rosto. Seus dentes eram perfeitos e brilhavam na luz negra. Ela usava uma blusinha roxa, que deixava os seus peitos pequenos bem apertados e ao meu alcance. Eu tinha vontade de comer ela ali mesmo. Mas preferi esperar.

A banda seguinte tocava grind core. Umas músicas de quatro segundos – literalmente -, nas quais dava tempo de o guitarrista dar cinco porradas na guitarra e os dois vocalistas trocarem uns berros guturais.

O show era muito melhor do que o anterior. Os integrantes da banda pareciam estar completamente chapados, rindo muito um da cara do outro nos intervalos entre as músicas. Pelo menos estavam se divertindo. E eu também.

- Essa próxima música se chama... “Ce é bicha, mano?”

E o guitarrista tocava um acorde, os dois davam um berro e pronto.

- Ele esqueceu a letra – disse um dos vocalistas, apontando para o outro. E começavam a dar risada.

- Meu Deus. Esses caras são muito engraçados – disse Raquel.

- Muito.

- Eu vou no banheiro, tá?

- Vai lá.

Enquanto ela ia ao banheiro, resolvi ir buscar outra cerveja. Fui até o balcão, mas não havia ninguém atendendo. Olhei para o lado e vi Raquel parada na frente da porta do banheiro. Fiquei um tempo olhando até que ela virasse e me visse. Sorriu. Esse era o momento que eu esperava. E ela também.

Peguei ela pela mão e a puxei para o corredor do banheiro. Estava escuro e ninguém nos veria ali. Comecei a beijá-la loucamente e a apertar o seu corpo contra o meu. Raquel enfiava as unhas na minha calça jeans, tentando abrir o zíper. Colocou o meu pau para fora e começou a chupar ali mesmo. A sensação era boa. A melhor do mundo.

Resolvi colocá-la dentro do banheiro e trancar a porta. O chão estava sujo de mijo e vomito, mas tudo bem, ficaríamos em pé. Tinha tão pouca gente naquele lugar que duvidava que em dez minutos apareceria alguém querendo usar a privada. Trancados no banheiro dava para fazer mais coisas. Arranquei a sua blusinha roxa e tirei o seu sutiã. Seus seios eram perfeitos e aqueles mamilos escuros me deixavam louco. Comecei a beijá-los e a chupá-los.

Ela virou de costas e enfiou o meu pau na sua buceta. Colocou uma perna em cima da tampa da privada e levantou a bunda. Eu metia com força e ela gemia. Mas era quase inaudível por causa do barulho da banda lá fora.

Raquel estava completamente nua agora. Puxei o rabo de cavalo e soltei o seu cabelo sobre a sua cara. Se olhava no espelho imundo daquele banheiro e fechava os olhos. Provavelmente via o meu corpo suado em cima do dela. Coloquei a mão na sua boca para os gritos não saírem muito altos e gozei.

Ainda ofegante, virei o seu rosto de lado e dei-lhe um beijo na boca. Foi um beijo desajeitado e babado, mas gostoso. Passei a mão sobre o seu rosto e tirei o cabelo molhado que estava grudado na sua cara. Ela colocou a roupa rapidamente e saímos dali. Não havia ninguém. Todos ainda estavam vendo o show.

Voltamos para o lugar onde estávamos antes. Passei no balcão e peguei a cerveja que queria. Tudo estava igual, exceto que o nosso sorriso era bem maior agora.

- Essa próxima música é um protesto... Assim como todas as outras!! – dizia a banda de grind core no palco.

Raquel dava risada e colocava um cigarro na minha boca e um na dela. Parecia uma criança feliz.

- Só um minuto – falou, tirando o celular, que estava tocando, da bolsa.

Fiquei olhando para ela, enquanto falava no telefone.

- É... Sim... Não... Estou aqui vendo um show... É. Com um amigo... Tá, eu espero... Um beijo... Tchau.

- Quem era? – perguntei.

- Minha mãe. Ela disse que vai vir me buscar. Você quer uma carona?

- Acho que não. Vou ficar aqui.

- Tem certeza? Não tem problema. Ela não liga.

- Não, tudo bem. Volto para casa a pé.

- Você é que sabe.

- É que eu realmente preciso ir. Acordo cedo para ir à aula amanhã

- É, eu sei. Tudo bem. Não tem problema. Eu vou ficar bem.

- Então tá.

- Depois a gente se fala.

Me deu um beijo na boca e foi andando em direção à saída. Desceu as escadas devagarinho e com elegância. Jogou a ponta do cigarro no chão, pisou e soprou a fumaça para o lado.

Permaneci sentado no balcão, tomando minhas cervejas e assistindo às bandas que se apresentavam. Eu precisava fazer aquele ingresso valer a pena.

Ciro Hamen é jornalista, escreve diariamente sobre cinema no blog www.acentonegativo.blogspot.com e todas as quintas-feiras no Coletivo Action.

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