quinta-feira, maio 21, 2009

Parada de ônibus

Daqui pra frente, todas as quintas, o colega Ciro Hamen, do Acento Negativo, escreverá crônicas sobre a cidade pra Action. Hoje, sua sétima crônica.

Acordei. Estava na porra do porto. Como tinha ido parar ali? Não faço a mínima idéia. A última coisa que me lembro é daquele puteiro imundo onde fui parar com alguns amigos. Fui sob a condição de que um deles pagaria tudo. As cervejas, não as putas. Era preciso coragem para comer qualquer uma delas. O lugar era tão fuleiro que era o único que permitia a entrada de gente àquela hora da manhã. Aliás, que tipo de filho da puta vai para um puteiro às quatro e meia da manhã?

Lembrei que não consegui beber as quatro cervejas a que tinha direito. Já estava louco o suficiente quando entrei lá. Vomitei no banheiro. Em toda a parte, menos na privada. As putas naquela porra eram tão feias que tinham até medo de chegar em qualquer um de nós. Uma, inclusive, estava grávida. Provavelmente de uns oito meses.

Caralho, como eu tinha ido parar no porto? Lembro de estar em um ônibus cheio de rostos cansados e gente com sorriso falso indo para os seus trabalhos de merda. Mas isso tinha sido de manhã. Agora era noite e eu estava no porto. Já havia passado um dia inteiro? Ou mais de um dia? Tinha comido algo? Não sei. Queria apenas admirar o porto. Aquele lugar ficava incrivelmente bonito iluminado pela luz da lua e pelos refletores ao longo do cais. Estava perto de uma placa de “Parada de Ônibus”. Encostei ali e esperei.

Ciro Hamen é jornalista, escreve diariamente sobre cinema no blog www.acentonegativo.blogspot.com e todas as quintas-feiras no Coletivo Action.

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