segunda-feira, fevereiro 02, 2009

O peso da arrogância malfundada contra a leveza do rap.

Ok, você pode estar pensando "vocês estão uma semana atrasados LOL", mas foda-se, a demora é pra isso mesmo. Uma dica: postar o texto do YouTube sem qualquer critério não adiciona nada a ninguém.

Pra quem teve mais o que fazer na última semana do que acompanhar o Campus Party, ou acompanhou pelos meios errados, um resumo: Um cara (ao contrário de todo o resto da merda da blogosfera, não vou chamar os campistas de nerds), aparentemente apelidado de Virbickas, Verbenga, algo do tipo -não vou lá olhar, isso não importa- liderou um pequeno levante contra o rapper De Leve, frontman da banda Leme e ex-Quinto Andar. Acontece que a organização da CP pensou em tudo atentamente; o palco foi frequentado por artistas como Teatro Mágico e afins.

O foda de misturar essas coisas é que nunca dá certo. Micreiros (aposto que você não ouvia essa expressão há uns 8 anos, RÁ!) tem um gosto plural, e, portanto, qualquer tentativa de agradar sonoramente seria uma tarefa fodida de se fazer. Ou, como neste caso, um enorme FAIL. Um critério a ser usado seria o de artistas que cresceram graças à internet, o que tiraria o soberbo Teatro Mágico de cogitação.

De qualquer modo, voltando ao lance do De Leve, o cara foi interrompido no meio da última música por um semi gordo com uma merda de chapéu de siri do firefox(wtf?) querendo sair na mão com ele, ao que o carioca levou até de boa, deu o cara a chance de falar o que queria, interrompeu o show e foi embora. Uma pequena vitória pra um homem, uma grande vergonha pro resto do Brasil. Imagina-se que alguém que tenha o cacife pra ir pra Campus Party-cara-pra-caralho tenha adquirido o mínimo de senso na faculdade pública ou no colégio particular em Alphaville (generalizar é delicioso) para saber que porra, o cara foi pago pela organização pra tocar. Não tá ali de bobo.

O rapper, como alguns devem saber, além de ter sido um dos primeiros artistas brasileiros a distribuir música dentro do Creative Commons, é sarcástico pra caralho nas letras, o que revoltou o público na música México (Mexe o cu / mexe o cu / mexe o culote). O que é mais foda é a reação blogueira, cretiníssima. Alguns chamando o De Leve de funkeiro, outros putos porque ele chamou os caras de virgens, coisa que ele não fez, e o corinthiano que peita o Virbengas depois que ele confronta o De Leve, sendo que o cara sequer estava com o rapper. Outros até mesmo postando que funk é "coisa de preto bandido e que não tinha que estar cantando, mas devia tar morto". Lamentável.

Sinceramente? De uma enxurrada de posts só com o vídeo e outra de posts não embasados, os poucos que se salvam é o Caio Teixera, do Game Over da Ig, os caras do Per Raps e, com poucas mas boas palavras, a Flávia Durante, que, inclusive faltou à almighty Caranguejada. Imperdoável.

Esse post taí por duas razões:
O De Leve é um dos melhores rappers brasileiros, numa opinião pessoal.
Caçar hypes pra aumentar o pageview e engrossar a fileira de ignorantes só serve pra fazer a mídia eletrônica aberta ainda mais desacreditada.

Volte três casas, blogosfera brasileira.

R. Darci

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